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Marcelo Duarte é escritor, jornalista e, acima de tudo, curioso

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Kichute chegou a vender 9 milhões de pares; saiba mais sobre o tênis

Misto de chuteira e tênis foi lançado oficialmente em 15 de julho de 1970

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Acabei de receber "Quando Éramos Iguais - Memórias de Uma Geração Que Usou Kichute", livro organizado pelo jornalista e escritor Gonçalo Junior, lançado esta semana pela Editora Noir. Ele juntou o depoimento de 54 pessoas (eu, inclusive!), homens e mulheres, que usaram essa mistura de tênis e chuteira, toda preta, com um cadarço enorme.

Gonçalo, por sinal, tem sempre umas ideias bem legais. Já escreveu, por exemplo, um livro com a história dos chicletes ("Ora, Bolas!", editora Alameda).

Kichute parte da coleção dos anos 1980 do publicitário Rodrigo Lacerda,52 - Eduardo Knapp/Folhapress

Meu primeiro par de Kichute chegou no aniversário de 8 anos, em outubro de 1972. Usava para tudo: jogar bola, ir na escola e na igreja, brincar em festas de aniversário. Imagine o chulé que saia lá de dentro no final do dia.

Tanto que o meu era obrigado a dormir na área de serviço do apartamento. O quê?!? Você nunca ouviu falar do Kichute?!?

Não tínhamos essas chuteiras todas coloridas de hoje em dia. Os aspirantes a craques dos anos 1970 e 1980 começaram suas carreiras com Kichutes.

Quem inventou o Kichute?

Apesar de ser um calçado tão famoso, há pouquíssimas informações sobre ele. Segundo o livro do Gonçalo, a São Paulo Alpargatas nunca teve a menor boa vontade em contar a história da marca. Triste, né?

Não se sabe quem teve a ideia de fazer uma "chuteira com preço acessível" ou quem desenhou o modelo. O Kichute foi lançado oficialmente em 15 de julho de 1970 —24 dias depois da conquista do tricampeonato mundial, no México.

O Kichute nasceu com o futebol brasileiro vivendo um momento de muita euforia.

Vendia tanto assim?

Em 1978, ano da Copa do Mundo da Argentina, o Kichute bateu seu recorde de vendas: 9 milhões de pares. A Alpargatas chegou a lançar também bolas de futebol de campo e de salão com a marca Kichute.

O reinado começou a fraquejar no início da década de 2000, quando chuteiras mais vistosas começaram a entrar no mercado. Uns modelos coloridos, com design totalmente diferente, foram lançados tempos depois com o nome de Kichute.

Nada a ver. Gonçalo diz que é ainda possível encontrar o modelo antigo em poucas lojas pelo interior do país (se alguém souber de alguma, por favor, me avise).

Esse é o primeiro livro sobre o Kichute?

Não. Em 2003, o escritor Márcio Américo lançou o livro "Menino de Kichute" (editora independente), que narra a infância de um grupo de meninos durante a década de 1970.

O personagem principal, Beto, de 12 anos, sonha em ser goleiro da Seleção Brasileira. O primeiro obstáculo é seu pai.

O livro foi adaptado para o cinema em 2010 pelo diretor Luca Amberg. Tinha no elenco Vivianne Pasmanter, Werner Schunemann e Arlete Salles. Lucas Alexandre fez o papel de Beto.

"Meninos de Kichute" ganhou o prêmio de melhor filme do júri popular da 34 ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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