Na troca de farpas a respeito do adiantamento de feriados na capital paulista entre os tucanos Bruno Covas e João Doria, os prefeitos do litoral se incomodaram com as duas partes.

Para eles, Covas foi individualista ao adiantar os feriados sem diálogo prévio e, agora, os municípios, vários colapsados, receberão grande fluxo de turistas.

Sobre Doria, eles acham que suspender a operação descida do Anchieta-Imigrantes é pouco. Há consenso de que o ideal seria barrar a descida, liberando somente os que têm casas ou tarefas essenciais.

"Colapsamos dois dias atrás", diz Kayo Amado (Podemos), de São Vicente. "Quando vem um pedágio como esses, soterra a gente. Aglomera. Queremos receber turistas, mas não agora. Pedi que o Bruno tivesse o bom senso de reavaliar", completa.

Tiago Cervantes (PSDB), de Itanhaém, diz que na noite desta sexta-feira (19) já havia trânsito acima do normal da capital para o litoral. "[As medidas de Doria] não serão suficientes, a gente sabe, e vamos receber todas essas pessoas aqui", diz.

Toninho Colucci (PL), de Ilhabela, diz que foi surpreendido com a notícia de Covas, mas que o tucano acertou. Ele concorda com as críticas à falta de medidas por parte do governador, por outro lado.

"Estou há dois meses pedindo para bloquear a operação descida e nada. Ele toma as medidas sem consultar a gente, sem conversar. Fez agora [suspendeu a operação descida], mas ainda é pouco. Tem que parar tudo no pedágio".

Em reação à decisão de Covas, as nove cidades da Baixada Santista anunciaram medidas mais restritivas para tentar controlar as infecções por coronavírus a partir de terça (23). Supermercados não poderão abrir aos finais de semana e feriados e serviços de delivery só poderão funcionar até as 22h.

Secretário de Desenvolvimento Regional do estado, Marco Vinholi diz que desconhece pressão dos prefeitos do litoral sobre o governo do estado e que vai apoiá-los nas novas medidas restritivas anunciadas.

Em resposta à crítica feita por Doria de que teria faltado bom senso, Covas afirmou que “o senso que falta é o senso de urgência. Aqui na prefeitura tem menos falação. Foco no trabalho e colaboração. Faço o máximo que posso para defender o povo da minha cidade. Sempre aberto a colaborar com outras cidades e com o governo do Estado. Mas cada um precisa assumir suas responsabilidades.”