Siga a folha

Editado por Guilherme Seto (interino), espaço traz notícias e bastidores da política. Com Danielle Brant

Câmara técnica da Saúde fala em renúncia coletiva caso Queiroga não recue na suspensão de vacinação em adolescentes

Membros dizem que pretendem entregar os cargos se ministro não mudar de posição em relação ao tema

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Em reunião nesta sexta-feira (17), membros da Câmara Técnica do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde exigiram mudança de posição e retratação da pasta em relação à suspensão da orientação sobre vacinar adolescentes de 12 a 17 anos contra a Covid-19.

Eles querem que a pasta diga publicamente que a câmara não foi consultada na decisão pela suspensão e que se comprometa a retomar a recomendação da vacinação dos adolescentes.

Caso não ocorra, eles disseram que pretendem entregar suas posições na câmara. O pleito teve apoio unânime entre os participantes da reunião.

O grupo é composto por professores, especialistas, representantes de sociedades de classe e conselhos de secretários estaduais e municipais de Saúde (como Conass e Conasems), e é responsável por subsidiar tecnicamente o ministério em suas decisões.

Se o ministério vai tomar decisões sem consultá-los, afirmaram, não faz sentido manter seus nomes associados às medidas tomadas pela pasta.

O ministério foi representado no encontro por Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, que disse que levaria os recados ao ministro Marcelo Queiroga.

Segundo relatos dos presentes, o encontro foi tomado pelas críticas dos membros da câmara técnica, que Queiroga ignorou ao decidir pela suspensão. Em entrevistas, ele tem dito que o órgão é consultivo e que não tem a obrigação de ouvi-lo.

A perfomance de Queiroga ao longo do episódio foi descrita como desastrosa. O ministério foi criticado por suspender a vacinação devido à morte de uma adolescente que, ao que tudo indica, não teve qualquer relação com a imunização, por surpreender a câmara técnica com a publicação da nota sobre o tema e por gerar mensagens equivocadas e danosas à população em relação à eficácia da vacinação.

Publicada na noite da quarta-feira (15), a nota técnica que trata da suspensão da vacinação destaca que o ministério é subsidiado pela câmara, o que causou grande incômodo de seus membros, que enfatizaram que querem que Queiroga deixe claro que não foram consultados para tomar a medida considerada trágica.

Esses especialistas apontaram ainda que a nota técnica está repleta de erros técnicos. Ela diz que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda a imunização de criança ou adolescente e que os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos, ambas afirmações que não correspondem à realidade, por exemplo.

A OMS diz que a vacinação de adolescentes não está no topo das prioridades, mas que todos devem se vacinar quando há disponibilidade de vacinas. A aprovação pela Anvisa da vacina da Pfizer para uso em adolescentes no Brasil fundamentou-se em estudo com 1.972 indivíduos, que apontou eficácia de 100% da vacina.

Um dos líderes de grupo com lugar na câmara técnica compara a atitude de Queiroga às falas antidemocráticas de Jair Bolsonaro por ocasião do 7 de Setembro, classificando-a como um golpe no Plano Nacional de Imunizações e uma intentona antivacina.

Nesse sentido, portanto, o ministro agora está sendo cobrado para dar a sua "Declaração à Nação" como a do presidente, ou seja, deve sinalizar que reconhece que errou ao recomendar a suspensão da vacinação e mostrar que pretende redirecionar sua conduta.

Como mostrou a Folha, Queiroga decidiu pela publicação da nota técnica após pressão de Bolsonaro e de seus aliados. O ministro nega.

Integrantes do governo e gestores do SUS que acompanharam o recuo dizem que a vontade do presidente pesou, mas também citam como decisivo o temor da Saúde de que faltem vacinas.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas