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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

Descrição de chapéu Itamaraty

Proximidade entre futuro chanceler e embaixador punido por assédio gera críticas no Itamaraty

Mauro Vieira nomeou João Carlos de Souza-Gomes após inspeção sobre abusos no Uruguai; futuro ministro depôs no processo a pedido da defesa

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Rio de Janeiro

A relação de proximidade entre o futuro chanceler Mauro Vieira e o embaixador aposentado João Carlos de Souza-Gomes, punido no Itamaraty por assédio sexual, tem sido relembrada em tom crítico por diplomatas desde que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou sua escolha para comandar o Itamaraty em seu governo.

Vieira e Souza-Gomes se formaram juntos em 1974 no Instituto Rio Branco, escola dos diplomatas no país. O primeiro nomeou o segundo como assessor especial de Assuntos Parlamentares em 2015, quando assumiu o Ministério das Relações Exteriores na gestão Dilma Rousseff (PT)

O embaixador Mauro Vieira, indicado por Lula para o ministério das relações exteriores (MRE) durante coletiva de imprensa no CCBB. - Pedro Ladeira - 14.dez.2022 / Folhapress

A escolha foi feita mesmo após passagem de Souza-Gomes pela Embaixada de Montevidéu, quando os relatos de assédio geraram em 2011 uma inspeção do Itamaraty no posto uruguaio com a presença do então corregedor Gélson Fonseca. Ele foi advertido de que o comportamento era inaceitável, mas não sofreu punição.

O afastamento de Souza-Gomes se deu apenas em 2017, por relatos de assédio na delegação do Brasil junto à FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), em Roma, posto para o qual foi enviado em 2016 pelo então presidente Michel Temer (MDB), sem participação formal de Vieira. O processo disciplinar foi encerrado em dezembro de 2018, com uma suspensão de 85 dias.

O futuro ministro foi uma das testemunhas arroladas pela defesa no processo. Em nota, o futuro chanceler disse que, em seu depoimento, "falou que não tinha conhecimento dos fatos que geraram a acusação, inclusive por residir em cidade diferente da do referido embaixador".

Vieira disse também que não tinha conhecimento dos relatos de assédio no Uruguai quando o nomeou como seu assessor.

A lembrança tem um componente adicional: uma das vítimas de comentários racistas de Souza-Gomes, de acordo com depoimento do processo, foi a embaixadora Maria Laura da Rocha, escolhida agora por Vieira como secretária-geral do Itamaraty, primeira mulher a ocupar o cargo.

A embaixadora antecedeu Souza-Gomes na delegação brasileira junto à FAO. De acordo com depoimento do processo, o embaixador "fez um comentário sobre a pele escura da embaixadora Maria Laura da Rocha".

Havia expectativa entre diplomatas de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva escolhesse uma mulher para chefiar o Itamaraty. Rocha era um dos nomes cotados.

Vieira chefiava a Embaixada da Croácia até ser escolhido como futuro chanceler. O anúncio foi feito na última sexta-feira (9), mesmo dia em que o time do país europeu eliminou a seleção brasileira na Copa do Mundo.

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