Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Mercado de aviação segue em alerta com tensão entre Santos Dumont e Galeão

Ministro Tarcísio de Freitas se reuniu nesta quarta (30) com governador e prefeito do Rio para discutir o assunto

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São Paulo

A reunião do ministro Tarcísio de Freitas com o governador e o prefeito do Rio, Cláudio Castro e Eduardo Paes, nesta quarta (30), para discutir a tensão no clima de concorrência entre os aeroportos Santos Dumont e Galeão foi de panos quentes. Mas o mercado segue em alerta com receio das pressões que tentam puxar mais voos para um terminal ou outro. Enquanto o Santos Dumont tem de ficar atraente para o leilão de 2022, o Galeão precisa se recuperar do baque da pandemia nos voos internacionais.

Hangares da Varig dominam a paisagem do aeroporto de Congonhas, inaugurado em 1936 na zona sul de São Paulo; o terminal de passageiros seria construído apenas em 1955. Reprodução/

O recém-inaugurado aeroporto Santos Dumont, na região central do Rio, em 1936. Arquivo Nacional/Reprodução/

No final dos anos 1950, quando nasceu a ponte aérea Rio-São Paulo, um dos aviões mais comuns na rota era o Convair CV340, como este da Real Aerovias. Foi por causa da competição agressiva da Real que Varig, Vasp e Cruzeiro se uniram em um pool de empresas e formaram a ponte aérea, em 6 de julho de 1959. Reprodução/

O turboélice Vickers Viscount, como este da Vasp, foi usado na ponte nas décadas de 1960 e 1970. Reprodução/

A partir de 1975, o Lockheed Electra foi o único avião a voar na ponte aérea. Como a Varig era a principal operadora do modelo no país, ficou estabelecido que ela cederia o avião e pilotos mesmo em voos das outras empresas do pool, Vasp e Transbrasil, que cediam os comissários. Vidal Cavalcante - 17.abr.86/Folhapress/

A ponte aérea tinha guichês especialmente dedicados a ela nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont, como este da foto. O conceito de ponte aérea, criado no Brasil e exportado para outros países, pressupõe que o passageiro embarque no primeiro avião disponível, mesmo que de companhia diferente da qual ele reservou. Paulo Moreira - 20.jan.83/Agência O Globo/

Em 1989, a TAM entrou no mercado de Congonhas-Santos Dumont, se apresentando como alternativa à ponte aérea tradicional, ainda formada por Varig, Vasp e Transbrasil. A companhia chegou a nomear seu serviço como Super Ponte TAM, operada pelos Fokker-100. Divulgação/Divulgação

A aposentadoria do Electra, em janeiro de 1992, gerou comoção nacional. Em seu lugar, passaram a voar na ponte os modernos Boeing 737, como o Vasp pousando ao fundo em Congonhas. Cesar Itiberê - 10.nov.91/Folhapress/

Desentendimentos entre Varig, Vasp e Transbrasil levaram ao fim do pool de empresas em 1999, e com ele, a ponte aérea nos moldes criados em 1959. Cada uma passou a operar voos solo entre Rio e São Paulo, mas a difícil situação financeira da Transbrasil levou a companhia à falência em 2001. O Boeing 737 desta foto realizou um dos últimos voos da companhia. Juca Varella - 7.nov.2001/Folhapress/

Em 2002, a recém-criada Gol, com seus Boeing 737, passou a operar na ponte aérea, nome que agora designava qualquer voo entre Congonhas e Santos Dumont. Luiz Bettencourt - 5.jan.2001/Folhapress/

A Oceanair, que daria origem à Avianca, começou como uma empresa de táxi aéreo e nos anos 2000 entrou na concorrida ponte aérea. Em recuperação judicial desde abril, a companhia foi perdendo aviões e cancelando voos, e atualmente não opera mais. A disputa por seu espólio rachou o setor aéreo nacional. Moacyr Lopes Junior - 6.fev.2007/Folhapress/Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem

Desde o fim das operações da Avianca, em maio deste ano, apenas Gol e Latam voam na ponte aérea, concentração inédita na história da rota. Na foto, aviões das duas empresas no aeroporto Santos Dumont. Folhapress/Bruno Santos

Saguão do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Folhapress/Bruno Santos

Saguão do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Folhapress/Bruno Santos

É no Galeão que a novata ITA faz o seu batismo nesta semana. O destino também vai ser um dos principais pontos de conexão da nova companhia. A operação tem significado forte para o Galeão, porque o plano do aeroporto é se expandir como hub, elevando seu vocacionamento na capilaridade dos voos domésticos para impulsionar conexões com voos internacionais.

com Mariana Grazini e Andressa Motter

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