Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Trabalhador rural cultiva alimento, mas não pode pagar refeição, diz agência da ONU
Presidente do Ifad afirma que remuneração no campo é muito baixa
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O Ifad (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), agência das Nações Unidas que atua em temas como segurança alimentar e pobreza em países em desenvolvimento, divulga nesta semana um relatório que aponta que os pequenos agricultores são responsáveis por produzir de 30% a 80% dos alimentos pelo mundo, mas recebem apenas 6,5% dos preços de supermercado, enquanto o maior lucro fica com distribuidoras, fabricantes e varejistas.
São considerados pequenos agricultores os produtores que trabalham em fazendas de até dois hectares.
Gilbert Houngbo, presidente do Ifad, disse nesta quinta (23), na sede da agência, em Roma, que é uma ninharia o salário recebido por esses trabalhadores rurais, que cultivam grande parte da comida mas não podem pagar por uma alimentação saudável para suas próprias famílias.
A fala de Houngbo acontece na esteira do evento Food Systems Summit, realizado pela ONU, em Nova York, em que líderes globais discutem temas como a segurança alimentar, agricultura e meio ambiente, presidido por António-Guterres, secretário-geral das Nações Unidas.
O presidente do Ifad direcionou sua fala aos participantes do Summit, enfatizando que a pobreza e a fome são os principais motores de migração, conflito e instabilidade.
Pequenas e médias empresas alimentares são responsáveis por 25% dos empregos em zonas rurais e 21% nas áreas urbanas, contratando, majoritariamente, mulheres e jovens, conforme os dados do relatório, cujos cálculos também apontam que, mundialmente, 3 bilhões de pessoas vivem em aproximadamente 500 milhões de fazendas de pequena escala em países de renda baixa e média.
com Mariana Grazini, Andressa Motter e Letícia Sé
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