Com o avanço da badalada sigla ESG no vocabulário corporativo, tem crescido a preocupação de que as práticas ambientais, sociais e de governança agora alardeadas sejam mais uma propaganda do que um processo claro de mudança nas empresas.
O professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral, Hugo Tadeu, que organiza uma série de dez relatórios sobre o tema, conclui que as companhias brasileiras não devem dar um passo maior do que a perna.
Ele argumenta que, antes de discutir ESG, é preciso ter clareza do que é inovação social, que é uma evolução da antiga filantropia e visa atender às demandas do mercado com soluções para problemas da sociedade, como educação, saúde, acesso a tecnologias e meio ambiente.
De acordo com o estudo feito pela escola de negócios, a empresa precisa definir como alocar os recursos, e também medir os resultados e comprovar o impacto das iniciativas.
“Nossa preocupação é quanto as empresas estão discutindo mecanismos claros de governança, que é a palavra mais importante no ESG. Não adianta criar uma área específica para isso se não tiver clareza do que se pode ganhar ou perder”, afirma Tadeu.
Para a líder de ESG da KPMG, Nelmara Arbex, as companhias devem começar fazendo um diagnóstico para entender qual é a relação entre o negócio e as questões ambientais, sociais e éticas. Depois, é hora de definir as prioridades e montar um plano de ação, alinhando políticas e indicadores.
Só após isso é que devem começar a divulgar as metas e atividades. "Existe, de fato, um número de empresas que comunica externamente sobre suas ações de forma desalinhada com as práticas internas”, diz Arbex.
Segundo ela, o desalinhamento pode existir, principalmente porque é mais fácil implementar uma campanha de marketing do que mudar as políticas da empresa, mas ele não deve ser intencional e precisa ser corrigido.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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