Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Dono do BTG tenta reduzir resistência do mercado a Haddad na Fazenda
André Esteves vem se reunindo com clientes e principais executivos do mercado financeiro; Lula quer reduzir impacto da indicação do petista
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, se encontrou com diversos banqueiros e casas de investimento nas últimas semanas para tentar reduzir ao máximo a resistência do mercado financeiro a Fernando Haddad no comando da Fazenda.
Procurado, Esteves não quis comentar. Esteves é um dos empresários mais próximos de Lula. Assessores do presidente eleito afirmam que ele sinalizou precisar de uma espécie de "waiver" do mercado (licença, no jargão financeiro) para Haddad.
Quer anunciar o nome do petista na Fazenda sem que os indicadores da economia sofram solavancos—a Bolsa em queda, e os juros futuros, em alta.
Desde então, Esteves passou a se reunir, em privado, com executivos do setor. A coluna ouviu quatro deles, sob condição de anonimato.
Nas conversas, o que se comentou é que o presidente eleito aposta em uma forte retomada da economia em seu início de mandato e que Haddad poderá surfar nessa onda. Esteves passou a mensagem, ainda segundo relatos, de que não há razões para preocupações.
Nos bastidores, no entanto, discordam. Acreditam que haverá muitos focos de tensão na equipe econômica, caso Haddad seja nomeado --o que ocorreria após a diplomação, marcada para a próxima segunda-feira (12).
O banqueiro também procurou seus principais clientes (grandes investidores) e parceiros —movimento que teve início há cerca de duas semanas, antes do almoço na sede da Febraban, a federação dos bancos, em São Paulo.
Haddad foi ao evento representando Lula, que não pôde comparecer e foi tratado com honras de ministro. Assessores de Lula afirmam que a interlocução de Esteves com Haddad tem sido direta.
O cenário apresentado aos banqueiros indica que está em curso um movimento de empoderamento do ex-prefeito de São Paulo.
Os motivos, na avaliação dos executivos, seriam mais políticos do que de governo.
Lula vive um dilema: não tem um político forte no PT (e bom de votos) para sucedê-lo. Outro problema é que Guilherme Boulos (PSOL-SP) vem se destacando como expoente na esquerda e Lula quer tentar neutralizá-lo nas eleições de 2026.
Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters