Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Atuação de sindicatos para derrubar comando ocorre à revelia de presidente da Fiesp
Associados dizem que disputa reflete tentativa de Paulo Skaf, ex-dirigente, de retomar o poder por meio da destituição de Josué Gomes da Silva
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À revelia do presidente da Fiesp, a maioria dos sindicatos ligados à federação das indústrias de São Paulo, convocou uma assembleia para votar a destituição de Josué Gomes da Silva, que comanda a instituição.
O Painel S.A. ouviu alguns sindicatos que assinam o edital sob a condição de anonimato. Segundo eles, nos bastidores dessa briga, está a tentativa do ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf de retomar o poder na instituição.
Skaf deixou o comando para disputar a Presidência da República e, em seu lugar, apoiou Josué —que foi eleito derrotando outro antigo aliado de Skaf.
No entanto, Josué fez uma gestão que contrariou os 86 sindicatos ligados a Skaf. Deixou de oferecer salas na sede da federação, carros e outras benesses que custavam ao caixa da federação.
Ainda segundo relatos, essa base sempre foi "bem tratada" por Skaf, garantindo, em troca, apoio para que ele tivesse comandado a entidade por cerca de duas décadas após sucessivas mudanças estatutárias.
É esse grupo que, no momento, busca uma nova eleição para que Skaf seja lançado candidato.
O edital foi publicado neste domingo (11) e faz insinuações de que Josué Gomes da Silva, o atual presidente, praticou atos sem previsão no estatuto da entidade e que, supostamente, são "incompatíveis com os interesses dos sindicatos filiados e com os anseios das categorias industriais representadas".
Acusam Josué de "eventual quebra do dever de diligência" e de, reiteradamente, ter se recusado a convocar a assembleia —agora marcada por eles com base em um dos artigos do estatuto da federação.
Assinam o edital de convocação 86 sindicatos de um total de 111 com direito a voto na Fiesp.
Este é mais um capítulo na disputa pelo poder em uma das mais importantes entidades industriais do país. A guerra vinha esquentando nas últimas semanas.
Em 16 de novembro, Josué recebeu uma notificação, com o pedido de convocação da assembleia para decidir sobre sua destituição.
Os sindicatos afirmam que, em 29 de novembro, o presidente da Fiesp respondeu dizendo que marcaria em 30 dias –prazo que venceria dia 20 de dezembro com obrigação de publicação do edital de convocação até 10 de dezembro.
No entanto, interlocutores ligados a Josué afirmaram ao Painel S.A. que Josué se recusou a convocar a assembleia porque havia falhas no pedido. A decisão foi tomada após um parecer jurídico externo demonstrar que o pedido não atendia a cláusulas do estatuto da Fiesp.
Na resposta, ainda segundo relatos, Josué recomendou que o pedido fosse feito, o que, ainda segundo interlocutores, não ocorreu até o presente momento. O dirigente está de férias e deve retornar no início de janeiro, quando pretende analisar o assunto.
Consideram que a publicação do edital, à revelia de Josué, fere o estatuto.
Consultada, a Fiesp não quis se manifestar. A coluna procurou Josué e Skaf diretamente. Não obteve resposta até a publicação desta nota.
Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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