Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
MPT espera fechar acordo com Volks sobre caso de trabalho análogo à escravidão nos anos 1970
Nova audiência está marcada para a próxima semana; montadora nega participação em violações de direitos humanos
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O Ministério Público do Trabalho vai promover na próxima quarta-feira (29) mais uma audiência administrativa com representantes da Volkswagen para fechar um acordo de reparação em um caso de trabalhadores encontrados em condição análoga à escravidão durante as décadas de 1970 e 1980.
O MPT investiga, desde 2019, a empresa pela ocorrência de trabalho análogo à escravidão na fazenda Vale do Rio Cristalino, que era conhecida como Fazenda Volkswagen, localizada no município de Santana do Araguaia, no sul do Pará. A acusação indica que os trabalhadores foram submetidos a condições precárias de emprego, com regime de servidão por dívida e vigilância armada.
A audiência da próxima semana será a quarta do caso, e o MPT espera que seja assinado um acordo de reparação individual a 14 trabalhadores identificados como vítimas, além de uma compensação coletiva.
Procurada pelo Painel S.A., a Volkswagen que não se posiciona sobre processos em andamento.
Em setembro, durante outra rodada de conversas, a Volkswagen disse ao MPT, por escrito, que entende não ter responsabilidade pela ocorrência de trabalho escravo na fazenda. Os representantes da montadora argumentaram que a ocorrência é antiga e que outras pessoas estavam envolvidas no que acontecia na propriedade.
Para o MPT, era impossível que o controle das atividades dos trabalhadores, responsáveis por transformar uma área de 139 mil hectares em pasto, não contasse com a anuência da Volkswagen.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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