Siga a folha

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Descrição de chapéu Enel

Distribuidoras não veem base jurídica para cassação da Enel

Presidente de associação diz que ministro exagera ao pedir que Aneel cancele contrato de concessão da distribuidora

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

Distribuidoras de energia elétrica não vislumbram "base jurídica" na posição do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), que, nesta segunda (1), pediu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para abrir um processo de cassação do contrato de concessão da Enel, companhia que atende São Paulo.

No ofício enviado à agência, e obtido pelo Painel S.A., Silveira quer que a Aneel avalie a capacidade da distribuidora diante dos sucessivos apagões e da demora no restabelecimento do fornecimento de energia na capital paulista, episódios que se repetem desde o segundo semestre de 2023.

As constantes falhas no serviço de energia em São Paulo colocaram a Enel na rota das autoridades - Flavio Lo Scalzo - 05.fev.20/Reuters

A Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica) avalia que cabe ao ministro pedir à agência "a abertura de um pedido disciplinar que envolva concessionárias do serviço público". No entanto, defende que seja respeitado o direito de defesa da prestadora.

Para a entidade, no caso da Enel, esse procedimento [de análise pela Aneel] deverá considerar a prestação de serviço ao longo do contrato de concessão vigente, e não apenas os eventos recentes.

A Abradee defende ainda que sejam respeitadas as regras e legislação vigentes no setor, sobretudo para casos relacionados ao término do contrato de concessão.

Para o diretor-presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica), Alexei Vivan, a intenção do ministro é "extremada".

"Parece fora da realidade. Não vejo base jurídica para se decretar a caducidade do contrato de concessão [da Enel]. Essa é a mais grave das punições. Punir a empresa por falhas e interrupções no fornecimento com a caducidade parece demais", disse Vivan.

"A pena tem de ser proporcional à falha."

Para Vivan, é compreensível o caráter político do cargo de ministro, mas, ainda segundo o executivo, nunca se viu um ministro partir para o confronto.

"Em geral, é o prefeito, o governador", disse. "As distribuidoras, normalmente, costumam ser atacadas politicamente. Mas, neste caso, chamou a atenção a iniciativa do ministro."

Apesar disso, Vivan considera que Silveira não avançou o sinal.

"Ele não adotou nenhuma medida. Só pediu que a Aneel tome providências."

Tanto o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, quanto o governador, Tarcísio de Freitas, pressionam autoridades federais para que tomem atitude em relação à Enel.

Nunes pediu à Aneel e ao TCU que avaliem a cassação da concessão da Enel pelo descumprimento reiterado de cláusulas contratuais.

Investimentos

A Abradee informa que as distribuidoras têm se mobilizado nos últimos anos para trazer melhorias ao sistema elétrico.

As empresas investiram mais de R$ 32 bilhões em 2023 e, deste total, cerca de 40% foram destinados, exclusivamente, à melhoria da qualidade das instalações.

"Isso se demonstra no crescimento contínuo dos indicadores de qualidade (que apuram a duração e a frequência das interrupções –DEC e FEC– aferidos pela Aneel", disse a associação em nota.

Com Diego Felix

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas