Siga a folha

Colapso ambiental

Obras em mananciais e grandes usinas eólicas são exemplos de atitudes que precisam mudar diante da emergência climática

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

José Dias

Formado em ciências econômicas, é coordenador e captador de recursos do Centro de Educação Popular e Formação Social (Cepfs). É empreendedor social da Ashoka e da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

Estudiosos do clima alertaram, mas, poucos acreditaram, e agora se vive um superaquecimento, com temperaturas nunca antes vividas pela humanidade. Mas ainda há tempo para corrigir atitudes e comportamentos que possam frear essa catástrofe, como incentivando tecnologias verdes e abandonando o que há séculos vem destruindo e desequilibrando o clima, como os combustíveis fósseis.

Hoje há secas em determinadas regiões, como na Amazônia, onde nunca se imaginava, e muita chuva e desastres, com inundações, em outras. Rios estão com suas calhas assoreadas, não suportam mais os volumes de águas que percorria nas cheias.

Como consequência, acontecem as inundações, a água trazendo sofrimento e destruição para as populações mais fragilizadas, levando o pouco de patrimônio que possuem.

Mudanças climáticas poderão levar à predominância de espécies generalistas e não lenhosas nas comunidades de plantas da Caatinga - Giancarlo Zorzin

No semiárido, região onde há frequentes irregularidades na distribuição das chuvas, mananciais históricos estão assoreados, transformando-se em lagoas. Nessas circunstâncias mesmo chovendo bem, não acumulam mais o volume de água que armazenavam —o que permitia, no passado, as populações atravessarem longos períodos de secas.

Quando ocorrem ações por parte dos governantes, é para construir novos açudes ou barragens, geralmente sem um criterioso estudo da bacia hidrográfica, que muitas vezes já está saturada. Não há políticas de desassoreamento dos mananciais e rios e, consequentemente, eles vão, aos poucos, morrendo.

Quando os governantes constroem mananciais, não discutem com as populações e nem aprovam planos de manejo do entorno, definindo de quem é a responsabilidade de cuidar. Consequência: ninguém cuida, munícipios atribuem a responsabilidade aos estados, que construíram os mananciais e, estes, aos municípios, que cuidam dos territórios onde estão as obras. Empresas de abastecimento também não cuidam, só vendem a água retirada dos mananciais e, sem o devido cuidado, reservatórios ficam no abandono, sendo assoreados.

A propósito, como estará a manutenção do canal da transposição das águas do Velho Chico? Quem está cuidando? Ou será que estão só desfrutando da água?

Em nome do desenvolvimento, instalam grandes usinas para produção de energia solar onde há desmatamento e usam herbicidas para não nascer mato. Mesmo assim, a energia é considerada limpa.

Usinas eólicas estão causando impactos negativos na vida humana e na de animais que estão em processos de extinção, mas são permitidas dentro de parques nacionais de conservação. Isso não seria uma incoerência?

Não haverá água de chuva infiltrando-se para alimentar o subsolo e fazer brotar as nascentes, se há constantes desmatamentos, em nome do desenvolvimento?

A necessidade de mudar a matriz energética é fato, mas o modo de fazer requer um profundo estudo de viabilidade e de impactos ambientais, de modo que se tenha energia limpa para promover o desenvolvimento, com viés de sustentabilidade.

O Cepfs - Centro de Educação Popular e Formação Social, que atua no sertão da Paraíba, sempre buscou orientar agricultores e agricultoras para o desenvolvimento de práticas agroecológicas, de modo que extraiam o que necessitam para o bem viver, tendo a natureza como aliada.

Em sua área experimental, na comunidade Riacho das Moças, município de Matureia (PB), há várias tecnologias sociais, também conhecidas como tecnologias verdes, inclusive uma mini usina de energia solar fotovoltaica, descentralizada, instalada pela Cooperativa Bem Viver. Trata-se de uma alternativa às grandes usinas solares.

É possível frear essa catástrofe ambiental em curso. Mas precisamos mudar urgentemente essas atitudes. Cobrar políticas públicas efetivas e sustentáveis é um caminho.

Muitas pessoas fazendo pequenas coisas, em muitos lugares, transformarão o Brasil e o mundo. Ajude-nos a continuar com esse importante trabalho. Conheça o Cepfs e torne-se um mantenedor.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas