Papo de Responsa

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A nova dinâmica global do investimento social

Brasil é celeiro de inovação e, com apoio da tecnologia, pode responder ainda melhor aos desafios socioambientais

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Raphael Mayer

Cofundador da Simbi Social e vencedor do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2018, é formado em administração com especialização em empreendedorismo social pela Fundação Getúlio Vargas.

Em 2023, tive a oportunidade de participar de alguns dos principais fóruns globais do ecossistema de impacto socioambiental. Durante oito meses, visitei 17 países da Ásia, Europa, América do Norte e do Sul, participando de eventos como Skoll World Forum, Climate Week, Assembleia Geral da ONU, Venture Philanthropy Network e B for Good Leaders.

Das muitas discussões nas quais estive presente, uma em específico me chamou atenção: o consenso sobre a necessidade de qualificar o investimento social e de reavaliar práticas estabelecidas por grandes players da filantropia. Uma nova dinâmica está se delineando.

pessoas com as mãos para cima em cima de palco
Raphael Mayer, fundador da Simbi, em evento que reúne expoentes do impacto social pelo mundo - Arquivo pessoal

No Global Philanthropy Forum, acompanhei debates sobre como podemos abraçar formas de trabalhar, estabelecer redes e maneiras de aprendizagem além-fronteiras, correr riscos com novos modelos e debater a urgência em transferir para os indivíduos e as comunidades mais poder por meio da escuta ativa. Nesse sentido, uma ideia bastante defendida foi o decolonialismo do investimento social.

Os principais institutos globais e as fundações, somados aos maiores eventos setoriais, estão discutindo como abrir mão do poder para escutar as comunidades.

Claro que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pautaram as discussões, entretanto, um contorno transversal foi a importância da escuta dos mais impactados pela pobreza e a descentralização dos investimentos. Mais do que ações individuais, a demanda é por criar respostas colaborativas para diferentes territórios.

Quando olhamos para o cenário de doação no Brasil e no exterior, temos uma noção do quanto precisamos caminhar de maneira acelerada.

Empresas e pessoas físicas estão cada vez mais ativas e engajadas na construção coletiva, entretanto, hoje existem problemas que ainda travam o impacto das doações. Na pandemia chegamos a R$ 13 bilhões de doações de pessoas físicas, mas o potencial de crescimento é maior. Precisamos destravar as oportunidades de investimento, sobretudo estrangeiro.

Se de um lado temos, no exterior, players com tíquetes robustos para investir em impacto, do outro, precisamos ampliar a estrutura e a oferta de valor para receber esses investimentos sociais.

Precisamos expandir o pensamento de impacto com o questionamento sobre como gerar desenvolvimento em regiões com alta vulnerabilidade social, descentralizando os recursos. Hoje, 75% dos investimentos sociais estão no Sul e Sudeste do país, mas quando falamos de demanda social, temos Norte e Nordeste com altíssimas demandas e pouco investimento.

A solução enxergada pela Simbi está na aplicação da tecnologia para gerar dados, que podem ser usados para qualificar o coinvestimento, por exemplo. E, aqui, cabe uma explicação: a visão é da importância de fomentar a participação de corporações para desenvolver, colaborativamente, territórios vulneráveis.

Entre nossos clientes, vemos interesses em comum nas mesmas localidades, mas há dificuldade em visualizar o quanto o capital, se usado conjuntamente, mudaria o ponteiro social.

Para vencer esse desafio e trazer visibilidade ao potencial impacto social, a Simbi desenvolveu o Mapa de Demanda Social, no qual reunimos mais de 220 indicadores sociais de instituições renomadas para que investidores possam ter o panorama social local.

Com base em informações confiáveis, corporações podem direcionar recursos para territórios que requerem maior atenção –do ponto de vista socioeconômico e de oportunidades para os cidadãos–, maximizando o impacto social dos investimentos.

A partir dos dados qualificados gerados, os diálogos e as escutas das pessoas dentro dos territórios são fomentados e estabelecidos. Após esse passo, o coinvestimento passa a contar com maior inteligência.

O Brasil é um celeiro de inovação gerada tanto pelos negócios de impacto social e ambiental quanto pelas organizações filantrópicas que estruturam apoios para esse ecossistema vibrante.

Esse talento em responder aos desafios com soluções potentes e disruptivas é o que está estruturando pautas como a escuta local e a revisão das lógicas do investimento social no país. Um investimento inteligente, com base em evidências reais e com o apoio da tecnologia.

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