Siga a folha

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Seleções têm caminhos opostos e dividem incerteza

O Brasil não regrediu, mas deixou de avançar na velocidade de outras nações

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Edu Gaspar passou as entrevistas coletivas depois da Copa do Mundo explicando a dificuldade para conseguir amistosos contra adversários mais fortes do que Honduras, Qatar, Estados Unidos e Panamá. A Liga das Nações dificultou, mas não podia ser desculpa.

Marco Aurélio Cunha, diretor da seleção feminina, justificou as nove derrotas consecutivas, antes da estreia na Copa do Mundo contra a Jamaica, com a dificuldade dos rivais escolhidos para os testes. As mulheres brasileiras enfrentaram Espanha, Japão, Inglaterra e Estados Unidos, duas vezes. Todos jogos contra equipes com perspectivas fortes para o Mundial.

O feminino estreou contra a Jamaica com dificuldade para manter a posse de bola, muita rapidez para lançar Cristiane, Debinha e Beatriz no ataque, e venceu a Jamaica por 3 a 0. Encerrou a série de nove derrotas, mas não dá nenhuma certeza de que será forte contra a Austrália, quinta-feira (13), no jogo mais difícil da fase de grupos. A Jamaica não é parâmetro.

O Brasil ganhou do Qatar por 2 a 0 na quarta-feira (5), goleou Honduras em Porto Alegre no domingo (9) e também não oferece nenhuma convicção para a torcida de que fará boa Copa América. Os sparings foram fracos.

Por caminhos opostos, o Brasil dos homens e o das mulheres têm a mesma incerteza.

Justo considerar que os estágios do esporte masculino e feminino são diferentes. A Copa do Mundo feminina muda mais rápido do que a masculina, porque pelo menos três países europeus estão em estágios muito mais avançados do que se poderia supor há cinco anos. A França tem sete jogadoras do Lyon, tetracampeão da Champions League, a Espanha registrou o recorde mundial de público com 65 mil pessoas em Atlético de Madri x Barcelona e a Inglaterra se fortalece.

Durante anos dissemos que o futebol feminino não se desenvolvia no Brasil. Na verdade, não se desenvolvia nos países latinos, machistas. Comparado com Itália, França, Uruguai, Espanha e Argentina, tradicionais entre os homens, só o Brasil chegou duas vezes às semifinais de Mundiais. Enquanto francesas, espanholas e inglesas evoluíam, as brasileiras estacionavam. O Brasil não regrediu. Não avançou na velocidade de outras nações.

Entre os homens, a seleção brasileira de Tite está entre as melhores, mas a Europa avança e a cultura aqui segue igual. A CBF afirma que o treinador permanece, mas haverá pressão se não ganhar. Até de quem cobra modernidade da confederação.

Depois da Copa, Tite comandou 10 jogos, 9 vitórias, 1 empate. O desempenho de domingo (9) foi positivo. Ganhar de 7 x 0 nunca é desprezível, mas Honduras não está nem na Copa América.

Philippe Coutinho comemora seu gol contra Honduras, no Beira-Rio - Diego Vara/Reuters

O ponto forte da seleção de Tite, nos dois jogos mais recentes, foi a capacidade de pressionar a saída de bola rival. Contra o Qatar, 68% dos desarmes foram no ataque. Contra Honduras, 43%.

Boa notícia é que Richarlison se firma como atacante forte pelos lados e goleador dentro da área. Já fez 5 gols. Só perde para Gabriel Jesus, no segundo ciclo de Tite. Neymar ficou para trás neste quesito.

Sem certezas, a impressão é a de que o Brasil será competitivo e poderá ganhar a Copa América. Na Copa feminina, pode chegar aos mata-matas. Depois todo jogo será pedreira.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas