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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Se dinheiro rarear, vai ser impossível esconder problema dos estaduais

Estrangulamento econômico pode apressar reforma do calendário

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Não foi coincidência quatro times brasileiros perderem os quatro jogos disputados na noite de terça-feira (18). Dez anos atrás, a mais decepcionante jornada de clubes do Brasil na Libertadores, com Fluminense, Cruzeiro, Internacional e Grêmio eliminados na mesma data, aconteceu também a quatro dias das finais estaduais.

Por mais que se repita que estes torneios perderam charme e importância, a pressão a cada derrota dá medo. Por isso, a prioridade nesta época do ano é ser campeão.

Classificado e com a garantia da primeira colocação de sua chave na Libertadores, o Palmeiras escalou reservas contra o Defensa y Justicia. A mesma lógica existiu para o São Paulo, com reservas contra o Racing, mesmo sem a certeza da classificação antecipada.

Palmeiras e São Paulo usaram reservas na Copa Libertadores, dando valor à final do Paulista, mas situação financeira dos estaduais preocupa - Cesar Greco/Palmeiras/Divulgação

Rogério Ceni descansou titulares do Flamengo contra a LDU e, mesmo sem admitir publicamente, descansou para a final do Carioca. Uma eventual derrota para o Fluminense acarretará pedidos de demissão do treinador.

Não é muito diferente quando o Manchester City chega à decisão da Copa da Liga, a menos importante competição do calendário inglês. Ser campeão sempre será prioridade. No Brasil, é um pouco pior, porque desaprendemos o valor do esporte: ganhar e perder.

Clubes e torcidas querem vencer o estadual, quando as decisões se aproximam. Isso não exclui a necessidade de reformar o calendário brasileiro.

Maurício Galiotte, do Palmeiras, foi um dos dirigentes a admitir, recentemente, que a diferença do Brasil para o exterior está no número de jogos dos estaduais. O Palmeiras disputou 77 partidas oficiais na temporada 2020. O Manchester City, recordista europeu em 2020/21, entrará em campo pela 61ª vez na decisão da Champions League, no sábado (29). Tire do Palmeiras os 16 compromissos do estadual e... bingo! O recorde do Brasil seria igual ao da Europa.

Continua sendo um erro usar os verbos “acabar” e “reduzir” ao pensar nos estaduais. O desafio consiste em reformular, tirar 16 datas do calendário dos gigantes e incluir cinco meses rentáveis aos pequenos.

O que pode apressar essa reforma é o estrangulamento econômico a partir da próxima temporada, sem o dinheiro de televisão no volume que existiu nos últimos anos. Já se percebe isso no Rio de Janeiro.

O Volta Redonda perdeu os R$ 4 milhões a que tinha direito no Estadual do Rio, com o cancelamento do contrato com a Globo. Sua direção entende que a única compensação é subir para a Série B. Para isso, pretendia manter seu melhor jogador, o atacante Alef Manga. Não conseguiu. Manga disputará a segunda divisão pelo Goiás.

O problema atual do Volta Redonda será o mesmo de Botafogo-SP, Ponte Preta e Guarani em 2022, porque dificilmente haverá renovação de contrato do Campeonato Paulista pelo valor atual. A federação confia que o preço se manterá alto, mesmo que venha de outras mídias.

Lembre-se de que Botafogo-SP e Ponte Preta recebem R$ 7,2 milhões para disputar 12 partidas do estadual e R$ 5,8 milhões por 38 jogos da Série B. Isso pode mudar.

O final de semana será de festa para rubro-negros ou tricolores, palmeirenses ou são-paulinos, atleticanos ou americanos, gremistas ou colorados. Ninguém vai chorar por ganhar uma taça. Não significa dar prioridade ao título menos importante, e sim valorizar a própria história de clube campeão.

Se o dinheiro rarear, vai ser impossível seguir jogando o problema para debaixo do tapete. Os gigantes têm de diminuir 16 jogos por ano e os pequenos precisam de um calendário financiado por outras fontes de receita.

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