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Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

Estude o Pateta, senhor presidente

Ações ignaras de Bolsonaro para o trânsito estimulam o vale-tudo nas estradas

Placa com limite de velocidade na rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo - Eduardo Knapp - 28.abr.10/Folhapress

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Está para completar 69 anos o clássico e genial desenho de seis minutos da Disney que traz o Pateta nas peles do sr. Andante (Mr. Walker) e do sr. Volante (Mr. Wheeler).

Como pedestre, o sr. Andante é um gentil cavalheiro incapaz de pisar sobre uma formiga sequer. Assim que dá partida ao motor do seu carro, porém, um fenômeno estranho acontece e sua personalidade muda completamente. De repente “ele se transforma em um monstro incontrolável, um motorista diabólico”. Agora, o sr. Andante é o sr. Volante.

Daí em diante o desenho satiriza barbaridades que assolam desde sempre as metrópoles do mundo.

Hoje em dia o Brasil vê prédios desabarem, barragens se romperem, florestas serem devastadas, além de um sem-fim de situações potencialmente desastrosas clamarem por fiscalização e prevenção rigorosas. O governo, porém, move-se em sentido oposto, na linha do desmonte.

Que importa que mais de cem pessoas morram por dia no Brasil, em média, em decorrência de acidentes nas vias públicas? Que estudos e estatísticas apontem o oposto do que o Palácio do Planalto apregoa? 

Nada disso parece importar. O capitão tomou multas quando dirigia na Rio-Santos? Então vamos desligar os radares do país e duplicar o limite de pontos que o infrator pode tomar antes de ter a CNH suspensa.

Como relatou a Folha, as mortes diminuíram em mais de 70% onde as lombadas eletrônicas foram instaladas. Um redutor de velocidade pode parecer aborrecedor, mas na maioria dos casos está ali porque vidas foram perdidas naquele lugar em ocasiões passadas. Mesmo motoristas precavidos estarão sob risco ao, por exemplo, entrar em curvas a uma velocidade que técnicos constataram ser potencialmente fatal.

Submeter algo tão sério ao achismo ridículo de quem glorifica a ignorância e a falácia em detrimento da ciência e do saber é criminoso. 

Estude o Pateta, sr. presidente. Possivelmente as lições ali serão mais valiosas que as que lhe chegam de áulicos de dentro e de fora do país.

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