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Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

Descrição de chapéu

Jovem é internado por segurar opiniões que ficaram presas na garganta

Caso raro aconteceu em Sorocaba, no interior paulista, e provocou perplexidade em médicos, parentes e seus amigos

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Médicos e cientistas de todo o Brasil buscam respostas para o caso do jovem sorocabano José de Aguiar. "Nunca imaginei que encontraria um caso como esse", desabafou Drauzio Varella. "Estou cogitando tratamentos fora da ciência", confessou Natália Pasternak.

A enfermidade apresentou os primeiros sintomas quando José de Aguiar, também conhecido como Aguiarzinho, estava jantando. Os bombardeios na Faixa de Gaza provocaram um acalorado debate entre Seu Junqueira, seu pai, e dona Alaíde, sua madrasta. Enquanto contorcia o garfo no macarrão, Aguiarzinho pensava na complexidade do conflito.

Ilustração de Débora Gonzales para coluna de Renato Terra de 20 de outubro de 2023 - Débora Gonzales

Seu cérebro passeou pelo conhecimento histórico, político e religioso acumulado ali. Juntou com sua vivência em Sorocaba, com sua visão de mundo. Nada que saísse da sua boca parecia dar conta do sentimento. Aguiarzinho estava impactado com as imagens que chegavam pela TV e pela internet.

Foi quando veio a primeira tosse. Depois, a segunda. Mais forte ainda, a terceira provocou um sentimento de estupor em seus pais. Aguiarzinho estava vermelho, arfando em desespero. Alarmado, seu Junqueira aplicou um tabefe nas costas.

Foi quando saíram da boca algumas palavras que estavam entaladas: "Que merda…".

Após examinar a garganta do enteado com a lanterna do celular, dona Alaíde diagnosticou. "Parece que ainda tem opinião presa na garganta."

Recomendou que Aguiarzinho bebesse leite e descansasse.

No dia seguinte, ao entrar nas redes sociais, veio a notícia: "Felipe Neto faz propaganda do Bis e gera boicote ao chocolate". Os dedinhos coçaram. Um campo em branco com a frase "O que está acontecendo?" o convidava a emitir opinião. Mas Aguiarzinho fechou o navegador e foi jogar bola.

Foi na pelada com os amigos que ficou sabendo da contusão do Neymar. "Agora quero ver se tratar com cloroquina", opinou Jefferson, na ponta esquerda. "Porra, o cara ainda é o craque dessa seleção medíocre. Não acha, Aguiarzinho?", defendeu o goleiro Saulo.

Foi quando o menino teve o piripaque. No hospital, exames detectaram opiniões presas na garganta, no estômago e algumas, polêmicas, no duodeno.

O quadro mobilizou uma junta científica. Todos devem se reunir amanhã para opinar sobre o procedimento adequado. Pastores evangélicos, deputados, ministros, youtubers e a executiva nacional do PSOL pediram para ser ouvidos.

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