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Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

Congresso, Bolsonaro, Moro e Rede Globo: tudo a mesma lama

País do futuro, Brasil hoje está reduzido a nação do passado

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Permitam-me reproduzir uma narrativa de 1951. É obra de um então jovem jornalista encarregado de cobrir o Congresso. Desculpem a extensão do texto:

"Nos meus bons tempos de Ginásio de Limoeiro, assisti certa vez a uma curiosa briga entre dois garotos no jardim de infância de dona Dolores, que começou mais ou menos assim.

Eu cheguei primeiro no colégio, dizia um dos garotos.

Quem chegou primeiro fui eu, respondia o outro. E como não se chegasse a nenhuma conclusão, cada qual jogou a bolsa de colegial e entram a esbofetear-se.

Não sei por que, ao assistir hoje à sessão da Câmara dos Deputados, lembrei essa cena da infância remota.

Falava Ari Pitombo, aparteado por Flores da Cunha. O assunto: as críticas que o povo fazia à atuação do Congresso na legislatura anterior.

A animosidade entre novos e velhos deputados, os primeiros dos quais estão em maioria, pois a Câmara foi renovada em dois terços, é flagrante. Cada qual olha para o outro por cima dos ombros, julgando-se mais importantes, os reeleitos, e mais capazes e eficientes, os bisonhos.

Na realidade, o atual Congresso não é pior nem melhor do que o antigo. O material humano é o mesmo. Todos os interesses, dos mais nobres aos mais sórdidos, estão ali representados. E até o povo, se não me engano, tem ali alguns representantes..."

Setenta anos passados (70 anos!), o texto parece ter sido escrito hoje*.

O Congresso brasileiro, à exceção de meia dúzia "representando o povo", reúne uma escumalha de aproveitadores que pode se renovar nos nomes, mas segue a mesma filosofia há décadas e décadas: pilhar o dinheiro público e se compor com quem pagar mais.

O vai e vem da votação da PEC dos Precatórios, uma gambiarra eleitoral ostensiva, fala por si só.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, é réu em processos de desvio do dinheiro público. Este sujeito acusado de ladrão dirige um dos três Poderes e transforma turistas em votos parlamentares! Nem se incomoda de arquivar mais de uma centena de pedidos de impeachment.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, é um zé ninguém mordido pela possibilidade de se candidatar ao Planalto (bem, se até JMB, dito Bolsonaro, chegou lá, até Fernandinho Beira-Mar poderia sonhar com o cargo.)

A direita mostra que está zonza. A cada dia, surge um novo candidato da "terceira via".

A Rede Globo parece já ter escolhido o seu. Sergio Moro! O juiz corrupto, favorecido por penduricalhos indecentes e acusado de parcialidade pelo próprio supreminho, virou a joia da coroa dos escribas da Vênus platinada.

"Bela estreia" comemorou um dos colunistas da casa, cujo nome é dispensável citar para não sujar este artigo.

Basta saber que é unha e carne da família Marinho, de supostos jornalistas bafejados por gordas recompensas à sua época e beneficiário de esquemas como Sebrae/Senai. Será daí para frente, podem esperar.

Enquanto isso, JMB corre atrás de um partido como os mafiosos procuravam uma tinturaria que ostentasse uma vitrine disfarçada em Chicago para lá dentro fazer negócios ilegais no tempo da lei seca, jogatinas etc.

A dupla JMB e Costa Neto, vamos combinar, é um retrato perfeito da degradação a que se chegou. Motociata no Qatar.

Países não acabam. Mas se deterioram e apodrecem à custa de seu povo. País do futuro, a continuar como está indo o Brasil não será nada mais do que o país do passado.

* O texto citado em itálico, bem como seus autores e personagens, podem ser encontrados no Google etc.

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