Secretário de Redação da Folha.
Na Índia, o maior evento da história da democracia
Apesar das disparidades sociais que enfrenta, país tem o que mostrar
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Começa nesta quinta (11) o maior evento da história da democracia. É a eleição da Índia, na qual mais de 10% da população mundial está apta a participar.
Ao fim dos 39 dias de votação, os indianos terão escolhido quem irá liderá-los no período em que o país se tornará o mais populoso do planeta, ultrapassando a China, e sua economia deixará para trás a dos britânicos, seus antigos colonizadores, tornando-se a quinta maior.
Menos de metade dos terráqueos vivem sob democracias. Esse grupo não vem crescendo, e mesmo dentro dele o flerte com variados graus de autoritarismo tem se feito notar.
É nesse cenário que excele o bálsamo da experiência indiana. Num país imenso, em região conflituosa, com 22 línguas, a democracia tinha tudo para dar errado, como narra Ramachandra Guha num apaixonante livro, “India after Gandhi”.
“Como indiano, gostaria de pensar que a democracia na Índia se mostrará mais significativa do que experiências comparáveis no Ocidente”, diz Guha. “Como historiador, sei apenas que é muito menos estudada.”
Uma observação de sir John Strachey, enviado inglês à região no século 19, dimensiona um dos problemas internos, o do nacionalismo: “A Escócia é mais parecida com a Espanha do que Bengala com Punjab”.
A despeito de todas as disparidades sociais que enfrenta, a democracia indiana tem o que mostrar.
Sete décadas após a independência, sua qualidade supera a da brasileira, segundo a Economist Intelligence Unit (nota lateral: os números de deputados e candidatos são parecidos, sendo a população daqui um sexto da de lá). Na economia, só em 3 dos últimos 30 anos o crescimento indiano foi inferior ao do Brasil.
Os 900 milhões de votantes da Índia representam quatro vezes o contingente da segunda maior democracia do mundo, a dos EUA —e, na última votação, o comparecimento às urnas indianas, que não é obrigatório, superou o da badaladíssima eleição americana.
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