Fabiano Silva dos Santos recebeu de Lula a missão de transformar os Correios e, para isso, o executivo bolou um plano que faz da estatal um braço de investimento em busca de participação em empresas privadas. A inspiração veio do La Postale, hoje dono de um banco na França. Nesse momento, ele coordena a diversificação de negócios. A meta é gerar lucro para garantir a sobrevivência da estatal que, com o serviço postal, só perde receitas.
Já se sabe que os Correios terão seu próprio marketplace e meios de pagamento. É uma etapa para se tornar um banco?
No passado, tivemos um banco postal e pretendemos retornar com isso. Mas, neste momento, a gente quer o meio de pagamento para lançar o marketplace até o fim deste ano. É fundamental. Hoje todos os marketplaces que eram nossos clientes estão consolidando sua própria rede logística. Para isso, fechamos parceria com o Sebrae para preparar quem quiser vender seus produtos em nosso marketplace. A contrapartida, especialmente para os pequenos, é a formalização.
Para isso, vai fechar sociedade com algum banco?
Nossa área de parcerias está estudando. Pode ser que seja com uma fintech.
A atual regulação do setor ajuda?
Ela é menos exigente para as atividades digitais [do que para bancos comerciais como Itaú e Bradesco]. Vamos, primeiro, nos tornar meio de pagamento e, depois, um banco digital. Já seguramos a movimentação de um banco.
Serão sócios minoritários?
A ideia é sempre ser menor para diluir risco. Agora, de um negócio que é muito bom, quero 49,9%. Quanto custa para uma empresa de meio de pagamento ou qualquer outra companhia ter um balcão ativo em todos os municípios do país? Imagine todos os funcionários dos Correios, os 40 mil carteiros na rua vendendo um produto da gente [próprio ou em sociedade].
Por que essa virada?
Todos os Correios do mundo enfrentam a queda da mensageria. Na França, a postagem representa menos de 20% da receita dos Correios, que diversificaram seus negócios. Hoje o La Banque Postale é um dos 11 maiores na França. Então, estamos prospectando parcerias e sociedades, porque temos de ganhar dinheiro. Queremos compartilhar os ganhos de receita que nossos parceiros têm conosco [usando as agências].
Então também devem entrar mais forte na telefonia?
Pois é. Nisso quem ganha hoje é a Surf Telecom com quem temos parceria. Ela usufrui da receita. Recebemos [um valor] por chip. A ideia é termos uma fatia de uma empresa para ofertarmos planos pós-pagos e internet. Seria a maior nacional e serviria como braço de inclusão digital do governo.
Se tornarão sócios da Surf?
Existem três empresas sendo analisadas no momento.
Quais?
Ainda não posso revelar.
Raio-X | Fabiano Silva dos Santos
Formado em Direito com doutorado pela PUC-SP, possui mestrado em Direito Político e Econômico (Mackenzie) e MBA em gestão de empresas (Facamp). Foi um dos coordenadores do Prerrogativas e diretor de relações institucionais do IASP (Instituto dos Advogados de São Paulo). Já atuou no Ministério do Trabalho e Emprego, na Fundação dos Economiários Federais e no Instituto de Previdência do Município de São Paulo. Foi vice-presidente da comissão de direitos e prerrogativas da OAB-SP.
Com Diego Felix
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.