A Justiça de São Paulo decidiu que o YouTube agiu bem ao censurar o canal de um político bolsonarista que publicou um vídeo defendendo o uso da ivermectina para o tratamento da Covid.

“Age corretamente [o YouTube] ao impedir a conta de alguém que emite sua opinião pessoal de conteúdo médico, induzindo pessoas a utilizar medicamento sem qualquer eficácia contra a Covid-19”, afirmou o juiz Luiz Guilherme Feichtenberger. “A atitude é passível de censura.”

A decisão foi tomada em um processo aberto por Roberto Alcântara (PSC), comerciante bolsonarista que disputou e perdeu a eleição para vereador em Santo André em 2020.

Na ação, Alcântara, que obteve apenas 110 votos na disputa eleitoral, queria que o Google, proprietário do YouTube, fosse obrigado a restabelecer o canal, liberando todos os vídeos publicados. Exigia também uma indenização de R$ 15 mil por danos morais.

O juiz não atendeu às solicitações e disse que o Google Brasil teria agido ilicitamente se tivesse mantido o canal, “respondendo pelas fakes news propagadas” pelo comerciante.

“Ele não tem qualquer conhecimento ou estudo em medicina para dar sua opinião ‘pessoal’ sobre tais matérias. Se pretende receitar medicamentos, que ingresse em uma faculdade de medicina e conclua um curso regular”, afirmou o magistrado.

O comerciante ainda pode recorrer da decisão.

O Google disse à Justiça que Alcântara violou as diretrizes do YouTube ao veicular vídeos que contribuem para a disseminação de informações inverídicas ou não comprovadas cientificamente, em meio à pandemia.

Afirmou também que a suspensão era temporária e não um cancelamento definitivo. Segundo a empresa, foi removido apenas o vídeo “Verdades da ivermectina que a mídia tradicional e os laboratórios não querem que você saiba”.

O canal, de fato, já foi restabelecido, como constatou a coluna.

Em um dos vídeos em exibição, Roberto Alcântara afirma que “a intervenção militar está pronta para ser feita, mas que o povo tem de ir para a rua”

“O Exército vai fazer [o golpe] se for pedido da população, como foi em 64”, afirmou no vídeo.