O promotor Luiz Marcelo Negrini de Oliveira Mattos afirma que o ex-médico Roger Abdelmassih, 77, condenado a 278 anos de prisão por crimes sexuais contra pacientes, recebe um tratamento da Justiça diferente do que é dado a outros presos.
A afirmação foi feita em um recurso apresentado ao Tribunal de Justiça contra a decisão que, por razões médicas, concedeu, na semana passada, prisão domiciliar a Abdelmassih, um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida no país.
“É inaceitável o fato de que Abdelmassih está sendo tratado de forma diferenciada”, afirmou o promotor no recurso. “Inúmeros detentos cumprem suas penas em verdadeiras masmorras, em condições de saúde iguais ou piores daquela que ostenta o ex-médico, sem que seja cogitado ou mesmo apreciado pleito de prisão domiciliar.”
O promotor cita, no recurso, o caso de um detento portador de HIV e hepatite C, segundo ele, “moléstias certamente muito mais ‘mortais’ que a cardiopatia amargada por Abdelmassih”. Mas, nesse caso, afirmou, a prisão domiciliar foi negada pela Justiça.
O representante do Ministério Público lembra também que uma detenta, S.L.B., que tem câncer em estado avançado, morreu sem que o seu pedido de prisão domiciliar sequer tenha sido analisado pela Justiça.
“Já o Abdelmassih, que continua apresentando o mesmo quadro clínico há tempos, talvez por sua condição financeira possibilitar maiores cuidados médicos e medicamentos mais eficazes, é beneficiado com nova prisão domiciliar.”
O recurso ainda não foi analisado pelo TJ.
Na decisão que concedeu prisão domiciliar ao ex-médico, a Justiça paulista afirmou que Abdelmassih sofreu uma piora em seu quadro clínico.
A decisão cita laudo médico feito em novembro do ano passado segundo o qual Abdelmassih apresenta “perda de massa muscular, aspecto de caquexia, fala baixa com lentidão de raciocínio e dificuldade para evocar acontecimentos”.
O laudo aponta que ele é portador de cardiopatia grave e irreversível “e que o tratamento em ambiente de cárcere pode propiciar inadequação e sobrecarga cardíaca acima da tolerância individual atual, podendo precipitar descompensações ameaçadoras da vida".
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