Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Descrição de chapéu

Morrer no Carnaval

"Tristeza", de Niltinho, correu o mundo em centenas de gravações

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O compositor Niltinho "Tristeza", que morreu no último dia 10, no Rio de Janeiro - Reprodução

Se você conhece este fabuloso samba de Carnaval, parabéns: "Quero morrer no Carnaval/ Na Avenida Central/  Sambando/ O povo na rua cantando/ O derradeiro samba/ Que eu fizer chorando...". E a segunda parte: "Quero morrer fantasiado de palhaço/ Que sempre fui sem ter vestido a fantasia/ Eu, que vivia ouvindo risos de fracasso/ Quero morrer ouvindo guizos de alegria". É um daqueles sambas de frases longas, exigindo vozes idem, daí ter sido lançado, em 1961, pela insuperável Linda Batista. Seus autores, Eurico Campos e Luiz Antonio, ficaram na vontade, mas morrer no Carnaval seria o destino de vários de seus colegas.

Benedito Lacerda, coautor de "A Jardineira", "Despedida de Mangueira", "Eva querida" e tantos sambas e marchinhas típicos da festa, partira no domingo de Carnaval de 1958. Ary Barroso, que para o Carnaval fizera "Foi ela", "Como 'Vais' Você" e a obra-prima "Camisa Amarela", também iria nesse dia, só que no Carnaval de 1964. Nove dias depois, seria seguido por Vicente Paiva, coautor de precisa mais? —"Mamãe Eu Quero" e a "Marcha do Cordão da Bola Preta".

Mas nada superaria a morte de Pixinguinha, no sábado de Carnaval de 1973. Não lhe bastou estar dentro de uma igreja, a da Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando ela aconteceu. A metros dali passava a Banda de Ipanema, sua afilhada, e esta diminuiu o passo para velá-lo ao som de "Carinhoso".

No sábado último, foi a vez do quase obscuro Niltinho "Tristeza", autor de um samba que, depois de retoques por Haroldo Lobo, saltou do Carnaval de 1966 para correr o mundo: "Tristeza/ Por favor, vá embora..." —daí o nome que ele carregaria para sempre.

Nos dias seguintes à morte de Niltinho, quase 500 blocos saíram às ruas do Rio. Não há notícia de que um deles tenha cantado aquele contagiante la-ra-rá.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas