Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Surpresas da Quarta de Cinzas

A manhã seguinte ao Carnaval pode trazer o inesperado

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Na Zona Norte carioca do passado, todos achavam normal o marido despedir-se de mulher e filhos, sair de casa no domingo de Carnaval rumo aos blocos da Avenida e sumir pelos três dias seguintes. Sua família não se preocupava. Sabia que ele voltaria na Quarta-Feira de Cinzas, com batom até na testa, feliz e realizado. Era a época.

Mas o Carnaval sempre foi uma caixinha de surpresas. Um amigo meu, nos anos 70, apaixonou-se num baile de terça-feira por uma das Frenéticas. As Frenéticas, um grupo musical de enorme sucesso no tempo das discotecas, eram jovens, talentosas e, como elas próprias se definiam, bonitas e gostosas. Tinham também alguma coisa de infantil, motivo pelo qual as crianças as adoravam. Mas meu amigo não via nada de infantil na Frenética em questão. Suas intenções para com ela eram as mais adultas possíveis.

Foliões cariocas num Carnaval do passado - José Medeiros

Depois de mais uísques do que seu tanque podia comportar, meu amigo saiu do baile aos beijos com a Frenética e, depois de uma longa noite de loucuras, acordou com ela na Quarta-Feira de Cinzas em sua cama. Só que não era uma Frenética. Por alguma incrível troca de identidade, quando ele já não se encontrava em seu melhor estado de discernimento, levara para casa um integrante de outro grupo musical, de visual muito parecido e tão frenético quanto o das meninas —um Dzi Croquette.

E pior ainda foi narrado por João do Rio em seu conto “O Bebê de Tarlatana Rosa”, de 1910. O homem se encantou pela mulher que conheceu no cordão e cujo belo nariz ele só podia adivinhar por trás da meia-máscara que ela usava. Brincaram e se beijaram pelas ruas por toda a noite de terça. Na madrugada de Quarta, quando ele a obrigou a tirar a máscara, descobriu que ela não tinha nariz.

Há quem esteja pensando nisto a respeito de Sergio Moro, ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Enquanto juiz em Curitiba, seu rosto estava coberto pela meia-máscara.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas