Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

A tragédia é Crivella

O Rio está pagando por tê-lo como prefeito. Quando ele pagará?

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, durante reunião no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 7.mar.18/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Muito antes da chuva de segunda-feira, o prefeito Marcelo Crivella já estava devastando o Rio com seus ventos de zero quilômetro por hora. O carioca sabe do que estou falando. A cada rua esburacada, calçada imunda, lixo por recolher, equipamento urbano destruído, sinal de trânsito quebrado, carros do VLT e do BRT parados e vigilância zero nas ruas, a cidade se desfaz aos seus olhos. E estes são apenas alguns itens a confirmar um diagnóstico cometido há dias pelo próprio Crivella: “O Rio é uma esculhambação”. O mesmo Rio do qual ele é prefeito há três anos.

Se fosse uma autocrítica, haveria uma remota possibilidade de tolerância. Mas Crivella não se vê como parte do problema e muito menos como razão do problema. Ele não quer saber se os bueiros, rios e galerias estão entupidos e que consequências isso trará. Os órgãos públicos que lhe são subordinados estão paralisados por sua inércia —uma árvore caída leva semanas para ser retirada. Diante desse quadro, pode-se imaginar como não estarão a educação e a saúde. E, para desespero do comércio que lhe paga impostos e sustenta a sua inoperância, os camelôs e os ambulantes se tornaram donos da cidade —sim, mas tente vender Bíblias na porta de suas igrejas.   

Crivella não gosta do Rio e nem de ser prefeito. Seu ódio às tradições da cidade, como o Carnaval, e seu descaso pelo nosso patrimônio histórico têm reflexos até econômicos ao afastar turistas e negócios, mas ele não está nem aí. E sua aversão ao cargo para o qual foi eleito se manifesta a cada chuva que desgraça a cidade.

Ele já não disfarça o cinismo. Suas explicações para a tragédia desta semana são as mesmas que deu sobre a chuva do mês passado e a do Carnaval de 2018. Só que, a cada chuva, a tragédia aumenta —principalmente a de tê-lo como prefeito.

O Rio está pagando por isto —foram dez mortos desta vez. Quando chegará a vez de Crivella pagar?
 

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas