Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

O leão indomado

Todos que trabalharam com Fuad Atala ficaram lhe devendo alguma coisa

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Em 1961, Jânio Quadros, como se sabe, renunciou à Presidência e deixou o país pendurado na brocha. Na então Guanabara, o governador Carlos Lacerda discordou dos jornais que defendiam a posse do vice João Goulart e mandou a polícia dar-lhes um cala-boca. Mas um deles, o Correio da Manhã, não se intimidou. Quando os homens de metralhadora invadiram o jornal e apreenderam a edição daquele dia, cinco jornalistas escaparam com pilhas de exemplares, tomaram um carro e foram distribuir de graça o jornal no Largo da Carioca. Foram presos pouco depois, mas o povo ficou sabendo o que Lacerda fizera. Esses jornalistas eram o editor da última página, Carlos Heitor Cony, os repórteres Aziz Ahmed e Álvaro Mendes, o subchefe do Arquivo, Paulo Ramos, e o secretário do jornal, Fuad Atala.  

Fuad morreu no dia 24 último, aos 86 anos. Todos que trabalharam com ele ficaram lhe devendo alguma coisa. Cony como cronista, por exemplo, foi ideia dele. Fuad deu-lhe um espaço três vezes por semana no Correio para escrever o que quisesse, e quem acompanhou a carreira de Cony sabe o que ele representou, em 1964, para a democracia no país. 

Muitos jornalistas eram obrigados a ter dois empregos e, em 1967, Fuad era também chefe de reportagem da revista Manchete. No auge da guerra árabe-israelense daquele ano, o folclórico proprietário da Manchete, Adolpho Bloch, foi à Redação exigir de seus funcionários fidelidade a Israel. Mas como pode alguém chamado Fuad Atala ser fiel a Israel? Fuad apenas encarou Adolpho e este, dando-se conta, baixou os olhos.

Naquele mesmo 1967, Fuad fez fé num jovem repórter do Correio, quase um “foca”, e o levou para a Manchete. Foi ali que esse garoto começou de fato a se profissionalizar. O garoto era eu. 

Pouco antes de ir embora, Fuad concluiu um livro que todos queremos ler: “O Leão Indomado — A História do Correio da Manhã”. E vamos lê-lo.

O jornalista Fuad Atala, em seu apartamento no Flamengo (Rio) - Divulgação

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas