Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Deliciosos abacaxis

Muito da música mais esfuziante do Brasil estreou nas desprestigiadas chanchadas dos anos 50

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Ao afirmar, domingo último (16), que, em matéria de musicais clássicos, nem tudo era Hollywood, citei as chanchadas do cinema brasileiro. Eu sei, pelo fato de o principal diretor delas se chamar Carlos Manga e seus cenários às vezes incluírem bananas, os esnobes as chamavam de abacaxis. Era uma injustiça —vide o definitivo livro de Sérgio Augusto, “Este Mundo é um Pandeiro” (1989).

Muito do que de mais vibrante se fez em música por aqui estreou nas chanchadas, e desde o começo do cinema sonoro. Em “Alô, Alô, Carnaval” (1936), por exemplo, nasceram “Pierrô Apaixonado”, com Joel e Gaúcho, ”Cadê Mimi”, com Mario Reis, e “Cantores do Rádio”, com Aurora e Carmen Miranda. Em “Banana da Terra” (1939), “A Jardineira”, com Orlando Silva, e “O Que é Que a Baiana Tem”, também com Carmen.

Mas o futuro é que seria empolgante. De “Carnaval no Fogo“ (1949), saíram “Marcha do Gago”, com Oscarito, “Balzaquiana”, com Jorge Goulart, e “Daqui Não Saio”, com os Vocalistas Tropicais. “Aviso aos Navegantes” (1950) tinha “Marcha do Neném”, com Oscarito, “Beijinho Doce”, com Eliana e Adelaide Chiozzo, e “Tomara Que Chova”, com Emilinha Borba. E a trilha de “Tudo Azul” (1951) era incrível: “Estrela do Mar”, com Dalva de Oliveira, “Lata d’Água”, com Marlene, “Mundo de Zinco”, com Jorge Goulart, “Maria Candelária”, com Blecaute, e “Sassaricando”, com Virginia Lane.

“Carnaval Atlântida” (1952) era classudo: trazia “Ninguém me Ama”, com Nora Ney, e “Alguém como Tu”, com Dick Farney. “De Vento em Popa” (1957) tinha “Dó-Ré-Mi”, com a fabulosa Doris Monteiro. “O Camelô da Rua Larga” (1958), nada menos que “Ouça”, com Maysa. E “O Homem do Sputnik” (1959), o arrasador “Mademoiselle BB”, com Norma Bengell.

A música era esfuziante e a comédia, sacana, maliciosa. Alguns dos filmes se perderam e quem viu, viu. Outros, um dia, renasceram em DVD e se escondem hoje em alguma nuvem.

Livro 'Este Mundo é um Pandeiro', de Sérgio Augusto, LP com a trilha sonora do documentário 'Assim Era a Atlântida' e edições em DVD dos anos 90 de chanchadas clássicas - Heloisa Seixas

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas