Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Cada fotograma de 'My Fair Lady'

Cecil Beaton criou o visual do filme e só não conseguiu fazer Audrey Hepburn parecer pobre

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Série recente de artigos sobre musicais do cinema despertou os leitores para seus filmes favoritos no gênero. Somei os títulos citados nos comentários e o filme mais lembrado foi... não “Cantando na Chuva” (1952), de Stanley Donen e Gene Kelly, mas “My Fair Lady” (1964), de George Cukor. Faz sentido —Gene sapateando nas poças está em tantos especiais, documentários e até comerciais que já o damos de barato. Mas Audrey Hepburn de camisola cantando “I Could Have Danced All Night” está hoje mais na memória das pessoas do que em qualquer tela.

“My Fair Lady” tem, talvez, os maiores diálogos da história dos musicais. Claro —até suas vírgulas saíram da peça de Bernard Shaw “Pigmalião” (1913), cujo brilho se esparramou também pelas letras de Alan Jay Lerner. É um banquete de sotaques e dicções nas vozes de Audrey, Rex Harrison, Stanley Holloway, Gladys Cooper e Theodore Bikel. Já não sei quantas vezes o assisti, mas, ao revê-lo há pouco em vídeo, tentei ignorar a música e as falas e concentrar-me na riqueza visual —no trabalho de Cecil Beaton.

Beaton (1904-80), inglês, fotógrafo da realeza, tanto a imperial quanto a do cinema, era uma espécie de Midas —tudo que tocava ficava chique. Em “My Fair Lady”, ele cuidou de nada menos que o desenho de produção, direção de arte, figurinos, cenografia e decoração de cena, e isso num filme 100% de estúdio.
Significa que tudo que se vê em cena teve de ser concebido, construído, pintado, decorado e equipado.

Beaton foi o responsável pelo material, aspecto e cor de cada objeto, do limo nas colunas de Londres aos livros da maravilhosa biblioteca do professor Higgins e às flores na lapela dos figurantes. Foi também quem decidiu por cada chapéu, vestido, casaca, sombrinha ou bengala.

Segundo Beaton, seu único problema foi fazer de Audrey Hepburn a florista pobre. Mesmo em andrajos, ela já era my fair lady.

Peça de Bernard Shaw, autobiografia de Alan Jay Lerner, memórias de Cecil Beaton e roteiro e trilha sonora de My Fair Lady em LP e CD - Heloisa Seixas

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas