No último domingo (12), perguntei-me como teria sido se Laurence Olivier, e não Marlon Brando, fosse D. Corleone em ”O Poderoso Chefão” (1972). A Paramount queria Olivier; o diretor Francis Ford Coppola, Brando. Mas Brando estava queimado em Hollywood e só ganhou o papel porque se ofereceu para um teste sem compromisso —teste esse que encerrou o assunto. Suponha agora que o segredo estivesse no personagem, não no ator. Alguém duvida de que Olivier seria um Corleone igualmente magnético e, talvez, com melhores bochechas?
E se, em vez de Vivien Leigh, a Scarlet O’Hara de “E o Vento Levou” tivesse sido uma das muitas atrizes que disputaram o papel, como Paulette Goddard, Susan Hayward, Bette Davis, Katharine Hepburn, Tallulah Bankhead? Para mim, Goddard e Hayward, também jovens, bonitas e petulantes, seriam tão marcantes quanto Leigh. Mas é irresistível imaginar Clark Gable vivendo aqueles arranca-rabos com Davis, Hepburn ou Bankhead —quem levaria vantagem com elas?
Eliza Doolittle, a florista de “My Fair Lady”, deveria ter sido Julie Andrews, que a fizera no palco em Londres e Nova York. Mas, ao filmar a peça, a Warner preferiu Audrey Hepburn, mais experiente. Subitamente desempregada, Julie Andrews foi ser “A Noviça Rebelde”. O resto você sabe.
E quando um ator dispensa um papel? Em 1967, George C. Scott recusou ser o policial racista de “No Calor da Noite”. O papel foi para Rod Steiger e lhe rendeu o Oscar. Em 1970, Steiger recusou “Patton”. O papel foi para Scott, que não só também levou o Oscar como passou a ganhar todos os papéis que eram para ser de Steiger.
Falando em Marlon Brando, o diretor Stanley Kramer convidou-o em 1958 para fazer “Acorrentados”, um filme antirracista em que dois presidiários que se odeiam, um branco e um negro, fogem ligados por uma corrente nos pulsos. Brando respondeu: “OK. Quem vai fazer o branco?”.
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