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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Peidando Bolsonaro

Tudo que se engole se expele, e o Brasil já o engoliu por mais tempo que o estômago pode suportar

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Em 1997, ao ganhar a Copa América pelo Brasil, derrotando ao mesmo tempo a Bolívia, a altitude de La Paz e os que o chamavam de gagá, Zagallo desabafou aos microfones: “Vocês vão ter de me engolir!”. Bem, não era tão difícil engolir o Zagallo. Muita gente já teve de engolir coisa pior.

Em 1952, na boate Vogue, empolgado com a interpretação de seu samba-canção “Risque” por Linda Batista, Ary Barroso não viu que seu prendedor de gravata caíra dentro do copo de uísque e mandou-o para dentro, de um gole. Anos depois, Sammy Davis Jr,, não se sabe como, engoliu seu próprio olho de vidro. Em 1961, ao se apresentar num clube de Buenos Aires, Maysa engoliu seu roach —disfarçou dizendo que ele caíra debaixo do piano de Luizinho Eça. E Barbara Shelley, famosa atriz dos filmes de vampiro nos anos 60, engoliu numa cena as presas com que iria ao pescoço de Peter Cushing.

Há tempos, minha amiga Soraya Ravenle, supercantora, ao fazer a parte do português numa interpretação de “Não Quero Saber Mais Dela”, de Sinhô, engoliu o bigode do personagem. Na mesma época, em show no México, Roberto Carlos engasgou ao engolir uma mosca —a mosca também engasgou ao ser engolida por ele. E já aconteceu de lutadores de ultimate fighting engolirem seus protetores de dentes.

Tudo isso para dizer que, se Jair Bolsonaro visse aprovado o voto impresso com que pretendia fraudar as eleições de 2022, precisaria treinar um batalhão de pilantras para servir de mesários e engolir as cédulas de papel com votos para seus adversários. Pois esse era um dos métodos para “eleger” gente no passado —ter um engolidor em cada seção eleitoral na hora da apuração. Se “eleito”, o candidato bancava as lavagens intestinais.

Falando em lavagem intestinal, o Brasil já engoliu Jair Bolsonaro por mais tempo que o estômago de uma nação consegue institucionalmente suportar. É hora de peidá-lo e expeli-lo pelos canais competentes.

Bolsonaro no Palácio do Planalto - Evaristo Sá/AFP

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