Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

O joio e o joio

Digo, o joio e o trigo. Mas qual é qual?

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O voto do ministro terrivelmente evangélico do STF, André Mendonça, que ajudou a condenar o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), levou à loucura os porões bolsonaristas. E com razão. Foi para isso que Jair Bolsonaro o infiltrou entre os ministros encarregados de zelar pelas leis? "Não!", urraram. Escalou-o para tumultuar esse zelo, assim como já fizera com o terrivelmente obediente Kássio Nunes Marques. E agora André Mendonça, num surto de consciência, lhe faz essa falseta. "Ingrato, Judas, traidor!" Impossível calcular a torrente de palavrões com que, ao saber do voto, Bolsonaro mimoseou a genitora do ministro.

Horas depois, de orelhas em fogo, André Mendonça convocou o alfabeto para justificar seu voto. E o fez de A a B: "Sinto-me no dever de esclarecer que: [a] como cristão, não creio que tenha sido chamado para endossar comportamentos que incitam atos de violência contra pessoas determinadas; e [b] como jurista, a avalizar graves ameaças físicas contra quem quer que seja". E completou: "Há formas e formas de se fazerem as coisas. É preciso separar o joio do trigo, sob pena de o trigo pagar pelo joio".

Então, para ele, Daniel Silveira é o joio no trigal bolsonarista. Certo. O problema é saber quem é o trigo. Flavio, Carlos e Eduardo Bolsonaro? Augusto Aras? Arthur Lira, Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira? Augusto Heleno, Braga Netto, Luiz Eduardo Ramos? Paulo Guedes, Damares Alves, Ônix Lorenzoni, Fabio Faria, Milton Ribeiro? Eduardo Pazuello, Osmar Terra, Capitã Cloroquina?

Fabrício Queiroz, Frederico Wassef, Ronnie Lessa, Elcio Queiroz? Luiz Carlos Heinze, Marcos Rogério? Carla Zambelli, Bia Kicis, Marcelo Álvaro Antonio, Janaina Paschoal? Rodolfo Landim, Luciano Hang, Ratinho? Silas Malafaia, Edir Macedo, Marco Feliciano? Magno Malta? Gilmar Santos, Arilton Moura?

Esse é o trigo. O joio vai acabar pedindo separação.

O deputado Daniel Silveira, em 30 de março de 2022, quando tinha se refugiado na Câmara para não colocar uma tornozeleira eletrônica de monitoramento da justiça - Pedro Ladeira/Folhapress

Erramos: o texto foi alterado

Texto originalmente grafou errado o primeiro nome de Silas Malafaia. O trecho já foi corrigido.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas