Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Lan, há quanto tempo!

O livro de memórias do cartunista continua inédito

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Remexendo papéis, encontro o esboço das memórias do cartunista Lan, organizadas pela jornalista Christina Autran e com que ela sonhava presenteá-lo no aniversário dele de 90 anos. Lan, amado por seu desenho, humor e lucidez, era uma das figuras mais fascinantes do Rio. Mas a crise e outros problemas conspiraram contra. Lan nos deixou em 2020, aos 95, e o livro continua inédito. Pior para nós, como se pode ver por algumas de suas frases para Christina. Exemplos?

"Um dia me vi no espelho e ouvi: ‘Lan, há quanto tempo!’. E comecei a falar comigo mesmo". "Desde cedo fui um leitor inveterado. Hoje, quando não posso mais ler por causa de minha vista, leio meus pensamentos". "A imaginação, o pensamento, a cabeça, são o único lugar onde se é totalmente livre". "O bate-papo é uma musculação do cérebro". "Enquanto existirem dois homens a caricatura será eterna —um querendo sacanear o outro".

"A curva é essencial. Quando desenho uma mulher, começo com um S". "Perguntei: ‘Padre Antonio, é pecado desejar as mulheres?’. Ele disse: ‘Não, mas olha o poste’. Eu tinha me virado para olhar uma mulher que passava e já estava com um poste na minha frente". "Deus não fez raças de cinco cores para ficarem em compartimentos estanques, mas para se misturarem. Como uma obra de arte". "A mulata é um capolavoro da natureza. E o Rio é a sua capital".

"Minha relação com o Carnaval começou quando resolvi nascer [na Toscana, Itália]. Era uma terça de Carnaval, 18 de fevereiro de 1925, às duas da tarde". "Todos os italianos são cariocas porque, em qualquer lugar em que estiverem, eles veem o céu". "Para mim, o Rio é uma cidade ortopédica. É como calçar um sapato do Dr. Scholl, que nos deixa à vontade". "Sempre fui contra o casamento. O que sou é a favor da Olivia, com quem sou casado há 50 anos".

"Aos 90 anos, meu futuro é meu passado. Graças a Deus, meu passado é muito rico".

O cartunista ítalo-carioca Lanfranco Vaselli, o Lan, como ele se apresentava, nos anos 1970 - Divulgação

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas