Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Gina, descalça e indomável

A estrela italiana não se deixou envelhecer como seus admiradores; sua beleza ficou eterna

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Gina Lollobrigida, estrela do cinema italiano, morreu na segunda (16), aos 95 anos. Para quem a conheceu nas décadas de 1950 e 1960, é impossível imaginá-la aos 95. Um dia, com sorte, também chegarei lá, mas Gina devia ter para sempre os 26 anos de quando fez "Pão, Amor e Fantasia" (1953), os 29 de "O Corcunda de Notre Dame" (1956), os 32 de "A Lei dos Crápulas" (1959). Não, não é velhofobia. Suas colegas Anna Magnani, Lucia Bosè e Alida Valli nunca ligaram para a idade e foram maravilhosas até o último filme.

Mas Gina nasceu para fazer a garota indomável, descalça, de roupas rasgadas e cabelo sujo, como a daqueles filmes. Nenhuma loura americana de seu tempo lhe chegava aos pés —o que ela provou quando foi a Hollywood rodar "Trapézio" (1956) e "Salomão e a Rainha de Sabá" (1959), aí, sim, vestida (ou despida) para matar. E então, de repente, aos 46 anos, em 1973, preferiu sair de cena, como já tinham feito as também fenomenais Carla Del Poggio e Marisa Allasio e como faria Monica Vitti. Assim como elas, Gina não se deixou envelhecer como seus admiradores.

Ao saber da morte de Gina, entrei na internet para ver suas imagens. Deparei com um alerta: podiam ter algum conteúdo reprovável. Espantei-me: qual seria? A boca sensual, os decotes, a cintura de vespa? Ou seria por ela, como "italiana", ter feito filmes "ousados" no tempo em que Hollywood acreditava na cegonha?

E logo o cinema italiano, que nunca teve uma Marilyn ou Elizabeth Taylor, cujas intimidades eram públicas. Suas atrizes sempre foram de casar com seus produtores —Sophia Loren com Carlo Ponti; Claudia Cardinale com Franco Cristaldi; Silvana Mangano com Dino di Laurentiis; Monica Vitti com Antonioni; Giulietta Masina com Fellini —e ficar com eles até o fim. A própria Gina passou décadas com seu agente Milko Sköfic.

A "ousadia" delas estava nas telas, e melhor para nós.

A atriz Gina Lollobrigida em cena do filme 'O Corcunda de Notre Dame', de 1956 - Reprodução/IMDb

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas