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Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e da Julius Baer Family Office (JBFO). É doutor em economia pela USP.

Descrição de chapéu PIB

A surpreendente melhora do mercado de trabalho

Crescimento da massa salarial deve sustentar expansão da economia brasileira em 2022

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A melhora do mercado de trabalho brasileiro surpreende. No segundo trimestre de 2022, a população ocupada cresceu 2% ante o primeiro trimestre, e 11% ante o segundo trimestre de 2021. A expansão foi de 6% ante o quarto trimestre de 2019, último trimestre antes da epidemia.

Para efeito de comparação, na economia americana, que tem se caracterizado por forte recuperação do mercado de trabalho, a população ocupada encontra-se 1% acima do nível anterior à epidemia.

A massa salarial no Brasil também tem crescido. Aumentou 4,4% ante o primeiro trimestre de 2022 e 4,8% ante o segundo trimestre de 2021. Como o salário médio ainda está 8% abaixo do nível anterior à epidemia, a massa salarial no segundo trimestre ainda estava 2% abaixo do quarto trimestre de 2019.

Trabalhadores fazem fila para disputar vagas em hotéis e restaurantes em São Paulo - Zanone Fraissat - 13 jul.2022/Folhapress

Mas os salários têm reagido. No primeiro semestre os salários subiram 2% acima da inflação, em relação ao quarto trimestre de 2021. Ainda há muito o que melhorar, pois o salário permanece bem abaixo do nível anterior à epidemia, como vimos no parágrafo anterior.

De qualquer forma, o crescimento da massa salarial deve sustentar uma expansão da economia brasileira em 2022 maior do que eu imaginava em dezembro. Semana próxima o IBGE divulgará o desempenho do PIB no segundo trimestre de 2022. Segundo a estimativa do Ibre, crescemos 1% ante o primeiro trimestre e 2,9% ante o segundo trimestre de 2022. A economia deve fechar 2022 a 2%.

A taxa de desemprego encontra-se em 9,1%. É possível que a melhora do mercado de trabalho, que tem surpreendido todos, já seja um sinal de maturação da reforma trabalhista.

O professor do Instituto de Economia da UFRJ Eduardo Costa Pinto criticou no texto "Por que é tão difícil acertar nas contas quando falam dos investimentos no refino da Petrobras?, no site Brasil 247, a coluna da semana passada sobre os elevados custos da construção de refinarias pela Petrobras.

Eduardo argumenta que não está certo atribuir todos os US$ 100 bilhões de investimento em refino, como eu fiz. Que parte desse investimento teve outros destinos: US$ 13,6 bilhões em transporte; US$ 27,4 bilhões em melhora da qualidade; US$ 35 bilhões em modernização; e, portanto, somente US$ 24 bilhões em expansão da capacidade.

Assim, como a expansão da capacidade no período foi de 400 mil barris por dia, o custo foi de US$ 60 mil por barril por dia de capacidade de refino, muito menor do que o número que eu reportei na coluna, mas, ainda sim, o dobro do custo das melhores refinarias.

Segundo Eduardo, os custos foram maiores devido a três fatores: 1) o ciclo de investimento dos anos 2000 coincidiu com um boom de investimento do setor; 2) aprendizado da Petrobras após décadas sem expandir a capacidade; 3) os problemas advindos da operação Lava Jato.

Entendo a crítica e agradeço ao professor a gentileza do comentário e das correções. No entanto, me parece que um fato continua valendo. Entre 1954 e 2002, a empresa investiu nessas áreas, das quais o refino representa um item, US$ 27 bilhões a preços de 2012, e de 2003 a 2015, investiu US$ 100 bilhões, também a preços de 2012. Em ambos os períodos houve investimento para expandir a capacidade, em transportes e em modernização e melhora da qualidade. No primeiro período, a capacidade de refino cresceu de zero para 2 milhões de barris por dia, e, no segundo, de 2 milhões para 2,4 milhões.

A menos que a composição do investimento no período atual tenha sido muito diferente daquela dos 48 anos anteriores, algo de muito errado ocorreu no ciclo de investimentos dos anos 2000.

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