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Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sandro Macedo

Série 'Dirigir para Viver', da Netflix, leva edição BBB para a F1

Produção atrai público jovem, mas pilotos estão cada vez mais se afastando do programa

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Imagine que você está sentadinho no sofá, acompanhando o final de uma produção no streaming. A cena: em um ambiente iluminado, que inclui decoração natalina, dois homens se encontram e observam com admiração um troféu. Então o mais jovem dá um presente ao mais velho, que retribui com um abraço afetuoso.

Corta para a cena derradeira. A trilha sonora ganha notas de tensão. A câmera aponta para um homem sisudo de cabelo impecável, vestido de preto, num fundo escuro. E sem mover nenhum músculo facial a mais que o necessário ele diz: "Todo mundo será um alvo no ano que vem". Uoouuu, arrepiei só de lembrar.

Poderia ser algum spin-off de "Star Wars", mas é o final da quarta temporada de "Dirigir para Viver", a série da Netflix que mostra os bastidores da temporada de 2021 da F1. O final feliz é entre Christian Horner, como um bom mestre Jedi, e Max Verstappen, seu jovem aprendiz da Red Bull. E quem faz as vezes de Darth Vader prestes a construir a nova Estrela da Morte é, claro, Toto Wolff, o todo-poderoso da Mercedes.

Toto Wolff conversa com a equipe da Mercedes durante GP de F1 - Andrej Isakovic - 5.dez.2021/Reuters

Ainda que o final da série tenha que reproduzir o final da temporada (Verstappen feliz, Hamilton deprimido, Toto puto), "Dirigir para Viver" está longe de ser um simples resumão do ano. Em dez episódios, a série não está interessada em dar um panorama cronológico do campeonato, mas sim em explorar (ou criar?) alguns dramas pessoais ou, melhor, alguns conflitos.

Mais do que Hamilton e Verstappen, os personagens principais da quarta temporada são Wolff e Horner, os respectivos chefes de equipe. Entre um episódio e outro surgem ótimos coadjuvantes, como o simpaticão Daniel Ricciardo, a jovem estrela George Russell, o preguiçoso novato Yuki Tsunoda —pelo menos, assim foi registrado— e o desastre ambulante Nikita Mazepin.

Desde o primeiro episódio, a série explora a rixa entre Horner e Wolff. Até nas conversas de Horner com sua mulher, a ex-spice Geri Horner. O confronto pessoal ficou para o nono episódio, quando os dois são convocados para uma entrevista conjunta antes do penúltimo GP.

"Como está a relação entre Red Bull e Mercedes?", questiona um jornalista aos dois. Após um longo silêncio, Horner fala: "Não há relação, não preciso puxar o saco dele". Wolff devolve dizendo que o campeonato começou como uma luta de boxe olímpico, virou boxe profissional e chegou ao final como uma luta de MMA. Quase dá para achar que é a Netflix quem conduz a entrevista, devem ter chorado de alegria com as respostas.

Sucesso de público, "Dirigir para Viver" tem ajudado a atrair a atenção dos jovens fãs para a categoria. Por outro lado, os próprios pilotos estão cada vez mais se afastando do programa por considerá-lo "fake".

Você não verá entrevistas isoladas de Verstappen porque o piloto resolveu não participar. Neste ano, Lando Norris criticou a série, afirmou que os áudios não correspondem ao que acontece na pista, e que a série faz edições fora de contexto apenas para construir uma narrativa. Bem-vindo à F1-BBB, querido e inocente Lando. O ex-piloto Damon Hill também criticou a série ao afirmar que ela está alimentando rivalidades no paddock e na torcida.

​Se o fim da quarta temporada da série teve jeitão de "Star Wars", com novos heróis triunfando e um Toto Vader irado, vamos ver se a temporada de 2022 vai virar "O império da Mercedes contra-ataca" no streaming. A largada será neste domingo (20), no desértico cenário do Bahrein. A ver quem serão os escolhidos para os papéis de mocinhos e vilões do ano.

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