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Escritor e jornalista, autor de “A Vida Futura” e “Viva a Língua Brasileira”.

Dicionário analógico

As duas centenas de caras da ruindade que um livro mágico nos traz

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Malévolo, cruel, ofensivo, nocivo, viroso, agravoso, venenoso, inoficioso, nocente, prejudicial, molesto, molestoso, ruim, péssimo, mau, pravo, ruinoso, infesto.

Funesto, exicial, calamitoso, sinistro, fatal, amaldiçoado, maldito, injurioso, deletério, malfeitor, malfazejo, íncubo, facinoroso, maligno, malignante, vitando, nefasto, reverso, danoso, daninho,
danífico, pernicioso.

Feio, inimigo, desvantajoso, devastador, destruidor, infeliz, oneroso, gravoso, ofensor, fastidioso, intolerável, obnóxio, tabífico, desastrado.

Tendencioso, corruptor, virulento, irremissível, irrespirável, serpentífero, serpentígero, corrosivo, anabrótico, mortal, insanável, inauspicioso, horrível, hórrido, horripilante,
horrendo, horroroso, horrífico.

Tempestuoso, terrível, pavoroso, apavorante, tétrico, terrificante, medonho, acintoso, cruel, trágico, atroz, atro, tenebroso, pecaminoso, insano, criminoso.

Vexatório, lesivo, desproveitoso, vil, baixo, de carregação, ignóbil, monstruoso, miserável, nefando, desprezível, soez, abjeto, miserando, tirânico, infame, nefário, indigno de se nomear, mesquinho.

Inconveniente, inaproveitável, pesado, incômodo, molesto, chinfrim, reles, pífio, incompetente, irremediável, fatídico, sórdido, bruto, imundo, repelente, safado, incomodante, incomodativo.

Chocante, suspeitoso, comprometedor, deteriorado, podre, corrupto, defeituoso, empeço, empecível, mal-engendrado, deplorável, lacrimável, imperdoável, lamentável.

Inclassificável, condenável, passível de censura, desbragado, inqualificável, indigno, punível, castigável, inconfessável.

Ruim como o diabo, que não tem nome, inominável, infernal, mefistofélico, luciférico, demoníaco, diabólico.

Ímpio, perverso, vexaminoso, repugnante, abusivo, depravado, pestilento.

Odioso, detestável, abominável, de marca anzol, infando, execrável, ominoso, ultrajante, ultrajoso, sombrio, insidioso, odiado, perigoso, aziago.

Enquanto o número de mortes explode e pessoas próximas a nós vão tombando, a pandemia consegue ser notícia secundária nos anais de um país submetido a um governante ridiculamente disfuncional.

Sempre que a realidade fica intolerável assim, eu me refugio nas páginas do “Dicionário Analógico da Língua Portuguesa” de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo (Lexikon), na reedição que ele ganhou dez anos atrás, após décadas esgotadíssimo.

Um dicionário analógico é uma ferramenta linguística que o público infelizmente conhece pouco. Também chamado dicionário de ideias afins ou thesaurus, não traz definições.

Traz sinônimos, um monte deles, mas vai mais longe.

Elenca palavras por blocos temáticos e estabelece entre elas uma malha de conexões em que ideias puxam ideias, concordam, discordam, conversam, em bolhas temáticas que abrem portas para outras bolhas temáticas.

Um bom dicionário analógico é diversão infinita para quem gosta de palavras, e esse de Azevedo é o clássico do gênero no Brasil.

No prefácio dessa edição, Chico Buarque confessa: “Com esse livro escrevi novas canções e romances, decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas”. Está desvendado o segredo do cara, pessoal.

Se não me deu canção, o livro de Azevedo resolveu a coluna iluminando longe, e tudo o que precisei fazer foi copiar um pedaço da página 291, onde se listam adjetivos ligados à ruindade.

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