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Economista principal do Banco Mundial para o Brasil e doutora em economia pela Universidade de Manchester (Reino Unido)

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Eólicas offshore: vem do mar o vento que sopra novas oportunidades para o Brasil

País tem plenas condições de aproveitar nova fonte de energia renovável

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A energia eólica offshore, com turbinas em alto-mar, pode contribuir significativamente para a economia brasileira e ajudar a garantir uma transição energética sustentável para o país.

Com um potencial técnico de mais de 1.200 gigawatts (GW) —quatro vezes a capacidade instalada atual no Brasil—, as usinas offshore podem gerar mais de 516 mil empregos até 2050, com um valor agregado bruto de pelo menos R$ 900 bilhões na economia. Os dados são do recente estudo "Cenários para o Desenvolvimento de Eólica Offshore no Brasil", publicado pelo Grupo Banco Mundial, em colaboração com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em atendimento à solicitação do Ministério de Minas e Energia (MME).

Torres Eólicas, na região da cidade de Dom Inocêncio, no Piauí. Dom Inocêncio é sede do maior parque eólico da América Latina e um dos locais mais atrativos para a geração desse tipo de energia - Eduardo Anizelli/ Folhapress

Um dos principais impulsionadores para o desenvolvimento da energia eólica offshore é o grande potencial dessa fonte no Brasil, especialmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. A importância da eólica offshore se faz também pelo perfil de geração dessa fonte, que, mesmo nos períodos de seca, é capaz de fornecer eletricidade com menos variação e promover segurança adicional ao sistema em complementaridade com outras fontes renováveis, permitindo que o Brasil atinja seus objetivos de zerar as emissões liquidas de carbono até 2050.

Ao mesmo tempo, o relatório destaca desafios a serem superados hoje para que a energia eólica offshore seja uma realidade no longo prazo. Entre eles, estão o elevado custo inicial.

Atualmente, a expectativa é que o custo inicial dos projetos fique em torno de R$ 344 por MWh (quase duas vezes mais caro do que as alternativas solar e eólica onshore), mas, com o desenvolvimento e o ganho de escala, esse valor poderia cair para entre R$ 215 e R$ 280 por MWh até 2050 (em moeda corrente), tornando a energia eólica offshore competitiva com outras fontes de geração de energia.

Investimentos importantes em infraestrutura —inclusive portuária e logística— também serão necessários. E, apesar de os parques eólicos offshore pretendidos no Brasil estarem localizados próximos aos centros de demanda, o que poderia reduzir custos de conexão, é importante avaliar a integração desses parques em conjunto com o planejamento da transmissão.

Outros fatores que podem ajudar a diminuir os custos são a infraestrutura, a cadeia de suprimentos e os recursos humanos já existentes para a produção offshore de petróleo e gás e de desenvolvimento de energia eólica onshore. É possível adaptar tudo isso para atender às demandas da energia eólica offshore.

Para ajudar a fundamentar esse trabalho, o Brasil está em processo de definir o arcabouço legal para a energia eólica offshore com o Projeto de Lei 576/2021, atualmente em discussão no Senado. A aprovação desse projeto é um passo crucial para a organização de leilões para cessão de uso de áreas marítimas, com o objetivo de permitir os primeiros parques operacionais no futuro.

O Brasil já é reconhecido mundialmente por ser um líder em energia renovável, com uma base energética predominantemente hídrica, complementada nos últimos anos pelo avanço das energias solar e eólica onshore. Agora, tem plenas condições de aproveitar as oportunidades dessa nova fonte de energia renovável. Dado o tempo necessário para preparar e desenvolver um projeto, o país terá que se planejar para desenvolvê-la da melhor forma possível.

Este artigo foi escrito em colaboração com meus colegas Gabriela Elizondo-Azuela (gerente da prática do setor de energia do Banco Mundial para América Latina e Caribe), Sean Whittaker (especialista principal em energia renovável da IFC) e Rebeca Doctors (especialista em energia renovável do Banco Mundial).

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