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Todas É Coisa Fina

Para Betina González, manter-se relevante em um mundo machista é ter sempre que perseguir a excelência

Primeira obra de argentina traduzida para o português convida a escrever com coragem

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A Obrigação de Ser Genial

Avaliação:
  • Preço: R$ 74 (240 págs), R$ 55,50 (ebook)
  • Autoria: Betina González
  • Editora: Bazar do Tempo
  • Tradução: : Silvia Massimini Felix

Para Betina Gonzáles, o mundo em que vivemos ainda é muito permissivo e paciente com autores homens sem grandes ideias ou que estejam imersos em angústias existenciais a respeito do seu "eu criativo". Já mulheres não podem se dar ao luxo de anos sabáticos, breves inseguranças ou execuções medianas, o mundo as massacrará e serão eternamente vistas como alguém que comete literatura de mulherzinha, faz corpo mole ou é desprovida de qualquer talento.

Mas independentemente dessa cobrança imposta às autoras, fico pensando que Betina simplesmente é uma excelente escritora. E daí fica a pergunta: será que é possível estudar para se tornar um grande romancista ou é necessário nascer com tamanho talento?

Muitos escritores se incomodam com a pergunta "qual seu processo ou método de escrita criativa?". Garantem que isso não existe. E, se existe, explicar ou esquadrinhar estragaria tudo. É um mistério, um caos, algo que se dá sem que se entenda o porquê. Outros tantos autores desconfiam da idoneidade da maioria dos cursos que prometem ensinar a iniciantes o passo a passo para a construção de uma premiada narrativa literária. Eu não posso dizer que discordo deles, contudo, pelo caminho, muitas vezes nos deparamos com bons encontros literários e importantes livros mais teóricos ou ensaísticos sobre o tema.

A autora argentina Betina González

"A Obrigação de Ser Genial", primeiro livro da ficcionista argentina a ter tradução brasileira, não nasce da pretensão simplória ou afetada de ensinar técnicas. É mais um transbordamento generoso de uma experiente professora e escritora que narra como se tornou quem se tornou: alguém que coloca o coração no papel, que acredita na força da sua história, que sabe do necessário exorcismo ao iniciar um livro e que sempre encontra a faísca narrativa para seguir adiante.

González faz críticas ao fenômeno da literatura confessional, não por não acreditar que possam ser boas histórias e grandes livros, mas porque na febre de "estar na moda" e sair expondo as vísceras, muitos autores esquecem da importância dos devaneios e da imaginação.

Este livro é um convite para que as pessoas escrevam com coragem, com desejo de transformação e com a casa aberta para situações, pessoas e frases peculiares. Contudo, não basta sair digitando qualquer baboseira derramada de sentimentos que não causam nada a quem lê:

"O texto sentimental é complacente: sente prazer em sua descarga emocional e não espera nada além de empatia do outro lado. Em contrapartida, a boa literatura quer tanto ser compreendida como não sê-lo, corre o risco do mal-entendido, do subentendido e da incompreensão".

Reconheci-me nas tentativas desesperadas (e fracassadas) por mais momentos de silêncio e reclusão. Reconheci-me na autora enjoada e exausta em quartos de hotéis, em meio a feiras literárias e entrevistas. Imagino que, como eu, Betina tenha suas crises ao se ver pertencendo ao universo das redes sociais, com tudo o que ele tem de mais ridículo, tosco e perverso. Mas precisamos vender e precisamos existir.

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