Siga a folha

Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.

Na GLO no Rio, as coisas boas não são novas, e as novas não são boas

Será que sempre precisaremos de fardados a nos tutelar?

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Parafraseando o já finado Foro de Teresina, que deixará saudades como o melhor podcast em política já feito neste país, há coisas boas e coisas novas no plano de Lula para lidar com a crise de segurança pública no Rio de Janeiro, o que inclui o decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Acontece que as coisas boas não são novas, e as coisas novas não são boas. Vamos por partes, a iniciar pelas coisas boas e intencionalmente vagas no plano de dez pontos anunciado nesta quarta (1º).

Os pontos positivos não são novidade: fortalecer o controle de fronteiras, modernizar tecnologicamente as polícias e ampliar as ações de inteligência são, hoje, pressupostos no receituário policial. Embora tudo isso já esteja previsto (pontos 3, 6 e 10), o plano apresentado não vai além desses bordões; falta estabelecer indicadores e diretrizes para cumpri-los. Um bom avanço é o fortalecimento da inteligência no monitoramento financeiro sobre o crime organizado, o que pode dar resultados se implementado a contento.

O ministro Flávio Dino conversa com o presidente Lula no evento de anúncio sobre as medidas de segurança para conter a criminalidade no Rio de Janeiro, nesta quarta (1º), em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress - Folhapress

As coisas novas, no entanto, não são boas. "Tivemos uma ideia de uma GLO diferente de todas as outras já feitas no Brasil. Na prática, esta GLO está incidindo sobre áreas federais", explicou o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao anunciar uma GLO circunscrita a portos e aeroportos em São Paulo e Rio. Ou seja, Dino teve a ideia de repescar a pior ideia da história da segurança pública, esvaziá-la de sentido e empacotá-la como solução. O uso da Polícia Rodoviária Federal em policiamento ostensivo contribui, ademais, para sua militarização, em curso desde Bolsonaro.

Implantar GLO em área federal é medida ineficaz, porque as Forças Armadas nada sabem sobre defender portos e aeroportos do crime organizado; é perigosa, porque vende, como outrora, uma solução fácil que nada mais é do que infiltrar milicos em atividades para as quais nunca foram treinados —nem deveriam ser. Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América Latina, que sempre precisará de fardados a nos tutelar?

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas