Siga a folha

Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.

Descrição de chapéu Folhajus Todas LGBTQIA+

'Não' é 'Não', inclusive na igreja

Se Jesus estivesse vivo, bateria com seu cajado nos falsos profetas do Congresso

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

No dia 29 de dezembro, o presidente Lula sancionou a lei do protocolo "Não é Não" (lei 14.786/2023), que combate violência e assédio sexual contra mulheres em espaços públicos. Por óbvio, não se trata de um tema menor. Quase 51 mil mulheres sofreram violência diariamente em 2022. Espancamento; ameaça com faca ou arma de fogo; ofensa sexual; chute; perseguição; insulto: todas estas formas de violência cresceram em 2023. Os dados são da pesquisa "Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil" (Datafolha/FBSP, 2023).

De quais mulheres se está falando? A pesquisa revelou que mulheres pretas (48%), com até ensino fundamental (49%) com filhos (44,4%), divorciadas (65,3%), e entre 25 a 34 anos (48,9%) são as que mais sofrem violência. Não há como negar, ademais, que no país campeão em transfobia trans e travestis são vítimas recorrentes. Às vésperas do Natal, uma mulher cisgênera foi confundida com uma mulher trans e levou socos em um banheiro em Recife. Não é um caso isolado. Antra mapeou, em 2022, 44 projetos de lei de proibição de uso de banheiros por pessoas trans no país.

Cartazes são exibidos durante protesto contra a violência contra a mulher em São João do Meriti, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 13.jul.22/Folhapress

Por trás da iniciativa do "Não é Não", no entanto, há jabutis retrógrados que devem ser combatidos. A lei sancionada —que se aplica "a ambiente de casas noturnas e de boates, em espetáculos musicais realizados em locais fechados e em shows, com venda de bebida alcoólica"— exclui expressamente de sua aplicação "cultos" e outros eventos religiosos, sem justificar o porquê. Como fez bem em vetar a proibição de recursos a iniciativas LGBTQIA+ na Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lula deveria ter vetado este dispositivo.

Chega a ser hipócrita que defensores da religião cujo líder esbraveja contra a violência contra mulheres defendam que igrejas sejam espaços onde o assédio reste permitido. Legalmente, não se pode estabelecer espaços privados onde ilegalidades sejam permitidas. Se Jesus estivesse vivo, bateria com seu cajado nos falsos profetas do Congresso.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas