Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação.
Trump, o radical
Plano de deportação de imigrantes é explicitamente racista
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O plano mais extremo dos republicanos para o pleito de 2024 radicaliza propostas defendidas em eleições anteriores: se eleito, Donald Trump planeja deportar de 15 a 20 milhões de imigrantes. O republicano considera usar o Exército em solo americano contra imigrantes por não os considerar "civis", mas uma "invasão em nosso país".
Não é novidade que Trump defenda deportação em massa, medida protofascista. Não é, tampouco, a primeira vez que um líder populista se vale da ideia do inimigo interno para expandir o seu próprio poder. Se eleito, não sabemos se haverá freios para a implementação concreta da política. Menos estridentes, os democratas, aliás, têm sido tão ou mais eficazes contra migrantes, na prática.
O que se sabe é: a política radical se tornou o normal na retórica de republicanos. A diferença, nesta eleição, é que a radicalização da política trumpista —outrora vista como politicamente útil, mas excêntrica, como era a construção do muro— tenha se consolidado como o arroz e feijão do Partido Republicano subjugado ao líder messiânico.
Radical por quê? Deportação em massa ou campos de migrantes punem grupos inteiros como cidadãos de segunda classe: o país já praticou, em seu território, a internação de japoneses durante a Segunda Guerra, vergonhosamente aceitos pela Suprema Corte em 1944. A política contra migrantes é, ademais, explicitamente étnico-racial, portanto, racista: para Trump, migrantes estariam roubando subempregos de "negros" e "latinos" americanos.
Atrelar criminalidade nos EUA a migrantes, como têm feito os republicanos, é tão inverídico quanto falacioso: de um lado, busca encontrar um bode expiatório para problemas complexos como outros já fizeram na história dos EUA e, de outro, massifica uma teoria da conspiração sem fundamento em dados.
Ironicamente, Trump foi quase assassinado por um jovem branco do interior da Pensilvânia portando um rifle, símbolo da liberdade para republicanos.
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