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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Neymar possui talento quase igual ao de Messi, mas está distante no sucesso

Ronaldinho Gaúcho teve a chance de chegar ao nível do argentino e a desperdiçou

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Além do talento individual, existem muitos fatores importantes na avaliação do sucesso dos jogadores em suas carreiras.

O talento é a síntese da habilidade, da criatividade, da técnica e das condições físicas e emocionais. Habilidade não é sinônimo de talento. Os grandes craques possuem todas essas qualidades, em proporções variáveis. Alguns jogadores, que se destacam mais pela técnica do que pela habilidade, conseguem se tornar craques, até serem melhores do mundo, como Kaká. Já os que possuem muita habilidade e pouca técnica nunca serão craques.

No fim de semana, Vinicius Junior, que é reserva de Hazard no Real Madrid, entrou desde o início e brilhou na vitória sobre a Real Sociedad, por 2 a 1. Vinicius possui extraordinária habilidade e velocidade, mas, se quiser se tornar um craque, terá de evoluir na parte técnica. Terá de ser mais regular, mais constante, e não apenas viver de lampejos excepcionais. Essa instabilidade é pela idade ou por deficiência técnica? Saberemos no futuro.

Neymar em partida do Campeonato Francês pelo PSG - Bertrand Guay - 25.set.19/AFP

Alguns jovens habilidosos e com pouca técnica evoluem muito, como Sterling, do Manchester City, titular da seleção inglesa. Já outros, como o argentino Lamela, do Tottenham, não crescem, não saem do lugar.

Na América do Sul, os jogadores tendem a ser mais habilidosos, dribladores e individualistas, enquanto, na Europa, se formam mais atletas técnicos e com mais talento coletivo, especialmente na Alemanha. Esse individualismo sul-americano em campo tem a ver com o individualismo da sociedade, com a enorme desigualdade social da população?

Craques não brilham sozinhos. Além do talento individual, necessitam atuar em ótimos times, bons conjuntos e na companhia de excelentes jogadores. Messi sonha com a volta de Neymar ao Barcelona, pois sabe que o time ficará mais forte, ganhará mais títulos, e ele se manterá por mais tempo no topo do mundo.

Cristiano Ronaldo tem mantido uma boa média de gols na Juventus, mas está longe da qualidade que tinha no Real Madrid. Sente falta do excepcional coadjuvante Benzema e do jogo mais ofensivo do Real.

Não existem craques iguais, com as mesmas características. Os argentinos Maradona e Messi, os dois melhores depois de Pelé, são bem diferentes, a não ser pela exuberante técnica. Maradona era mais exagerado, excêntrico, falador. Era mais artista, com um amplo repertório de lances com belos efeitos especiais. Messi, ao contrário, é discreto, conciso, calado. Os melhores momentos de Maradona são mais espetaculares que os de Messi. Porém, Messi, pela regularidade, por ser mais artilheiro e por brilhar por mais tempo, é, tecnicamente, superior.

Neymar possui um talento quase igual ao de Messi, mas tem um sucesso bem distante. Neymar, além de ter cometido o erro de sair do Barcelona, teve contusões importantes, em momentos decisivos. Isso é, negativamente, mais importante do que suas simulações em campo e suas bobices fora dos gramados.

O comportamento psicológico, a ambição e a consciência profissional são também determinantes no sucesso de um craque. Se Ronaldinho Gaúcho tivesse jogado por muito tempo com a qualidade que teve nos dois anos pelo Barcelona, quando foi o melhor do mundo, estaria na história no nível de Messi e de Cristiano Ronaldo.

Ronaldinho Gaúcho perdeu as referências de cidadão e se enamorou por sua própria imagem, seu personagem, como é frequente com as celebridades. A criatura engoliu o criador.

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