Siga a folha

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

Precisamos falar sobre racismo ambiental

Gravidade dos efeitos de desastres naturais dependem das atitudes do poder público

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

As mudanças climáticas já estão causando impactos em todo o mundo. Secas prolongadas, inundações e calor extremo já afetam a vida de milhares de pessoas e também espécies e ecossistemas inteiros. A crise climática é real e atual. Mesmo que cheguemos a neutralidade do carbono ainda teremos eventos climáticos extremos como os vistos nos últimos dias no litoral de São Paulo.

As fortes chuvas que atingiram a região, causando desabamentos, levando casas e soterrando pessoas, deixaram dezenas de mortos. Chega a 4.000 o número de desabrigados. Quem são as pessoas impactadas pelas fortes chuvas no litoral de São Paulo? Por que as áreas mais pobres são as mais afetadas?

O povo guarani da aldeia Rio Silveira, localizada entre as cidades de Bertioga e São Sebastião, atingida pelas grandes chuvas no litoral paulista, precisa de apoio.

Pelo menos 120 famílias indígenas que vivem ali foram afetadas. A Vila Sahy, uma das áreas mais atingidas em São Sebastião, teve parte das suas mortes como consequência do desabamento de casas construídas em áreas irregulares —são áreas de proteção ambiental e com alto risco de desabamento.

Ao falar do racismo estrutural enraizado em nossa sociedade, trazemos a discussão para áreas onde o tema era antes invisibilizado ou ignorado, como no caso do racismo ambiental. O racismo ambiental são as injustiças ambientais sofridas por populações indígenas, negras e minorias sociais, consequências do nosso sistema de produção e exploração da natureza. Ninguém escolhe morar em área de risco.

O último relatório do IPCC estima que entre 32 milhões e 132 milhões de pessoas podem chegar à pobreza extrema nesta década por consequência das mudanças climáticas. As desigualdades aumentam a exposição aos desastres nas cidades e na zona rural. Comunidades cuja subsistência depende da agricultura, da pesca e do turismo, como os povos indígenas, também estão tendo suas existências ameaçadas.

Sem uma mudança de postura dos nossos governantes, em nível mundial e local, para implementar uma política climática radical e urgente, os riscos vão crescendo a cada grau de temperatura que aumenta.

Precisamos de políticas de mitigação, de adaptação e de perdas e danos. Mitigação para diminuir ou prevenir as mudanças do clima. Adaptação para estarmos preparados quando desastres climáticos acontecerem. Perdas e danos quando a mitigação e a adaptação não forem suficientes. Os desastres naturais que teremos que enfrentar irão gerar danos, mas a gravidade do cenário e a situação das pessoas vão depender da postura do nosso poder público.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas