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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Produtor tem de considerar os prêmios de exportação nas negociações

Para Rabobank, entender a formação de preços é fundamental para os produtores na hora de comercializar

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As margens na comercialização de produtos agrícolas ficam cada vez mais estreitas. É importante que o produtor faça um monitoramento do mercado e das variáveis que compõem os preços.

No caso da soja, entender os componentes da precificação do produto é muito importante na hora da comercialização. Aproveitar as oportunidades do mercado ajuda a proteger as margens de comercialização.

Trabalhador carrega caminhão de soja em Campos Lindos (Tocantins) - Ueslei Marcelino - 18.fev.18/Reuters

A avaliação é de Victor Ikeda, analista de grãos do Rabobank, um banco voltado para o agronegócio.

A busca de melhores margens começa em uma operação de redução de custos e passa pelos preços de Chicago, prêmios de exportação, frete e dólar futuro.

Ikeda diz que, logo após uma safra, o produtor já deve definir as estratégias de comercialização da próxima. E o prêmio de exportação é um dos componentes entre os que devem ser considerados.

O prêmio vai depender das condições portuárias, que levam em consideração tempo e condições do embarque. Além disso, frete marítimo, oferta de produto, demanda e até relações comerciais entre países —como a guerra comercial entre Estados Unidos e China— fazem parte desse processo.

Esses fatores podem levar os prêmios de exportação a ter ágio, em relação aos preços da Bolsa de Chicago, ou deságio.

“É preciso entender o que está por trás dos preços de negociações, e o prêmio é um deles”, diz Ikeda.

Cada safra tem características e fatores próprios, mas é interessante o produtor avaliar e entender os riscos e as oportunidades do negócio para tentar aplicar em negociações futuras.

Segundo o analista, o Rabobank fez um estudo sobre o comportamento dos prêmios nos últimos dez anos no Brasil. O resultado mostrou que houve a possibilidade de aumento das receitas obtidas pelos produtores de soja em seis das dez safras avaliadas.

O ano passado pode ser considerado um ponto fora da curva. Produtores que conseguiram aproveitar os melhores preços de Chicago e o pico dos prêmios no Brasil tiveram um bom rendimento.

Quebra de safra na Argentina, produção recorde nos Estados Unidos, demanda da China e guerra comercial entre americanos e chineses alteraram muito o mercado de soja em 2018.

Ikeda diz que esses fatores deixaram os preços de Chicago e os prêmios no Brasil com comportamento bastante distinto.

Em março de 2018, a soja chegou a US$ 10,46 por bushel em Chicago. O prêmio era de US$ 0,60. Acertou o produtor que travou os preços com base em Chicago e não efetivou vendas físicas.

Em julho, os prêmios atingiram US$ 1,16, e os preços da soja caíram em Chicago. No pico do prêmio, o contrato de março de 2019 estava em US$ 8,54 por bushel. O preço futuro de Paranaguá (PR) estava, portanto, em US$ 9,70 (US$ 21,28 por saca).

Quem estava com as negociações travadas em US$ 10,46 em Chicago e reverteu a posição recebeu um ajuste positivo de US$ 1,63 bushel (US$ 3,60 por saca), já descontado o Imposto de Renda.

Para garantir proteção, o produtor deveria vender a produção no mercado físico pelo preço de Chicago mais o prêmio de março de 2019.

O valor da saca seria de US$ 24,98 (US$ 21,38 do preço de Chicago e US$ 3,60 do ajuste).

Claro que a possibilidade de um produtor ter feito negócios exatamente nesses dois momentos (Chicago e prêmio) é remota.

O prêmio de exportação, porém, deverá ser mais um componente a ser olhado pelo setor no momento das negociações. Tradicionalmente menor nos primeiros meses do ano, período de pico das exportações brasileiras, pode ganhar força nos meses seguintes.

Essa é uma estratégia de comercialização 2.0, segundo o analista do banco.

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