Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Venezuela e Cuba amenizam situação difícil de produtores de arroz do Brasil

Em 2018, países foram responsáveis por 42% das receitas dos exportadores brasileiros

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Dois dos países mais rechaçados pelo governo brasileiro e por boa parte dos agricultores estão sendo literalmente a salvação da lavoura —pelo menos para os produtores de arroz do Rio Grande do Sul. São eles Venezuela e Cuba.

Em 2018, esses países foram responsáveis por 42% das receitas recebidas pelos exportadores brasileiros do cereal.

E as exportações deste ano começaram intensas. Em janeiro, 61% das receitas externas vieram deles: 34% de Cuba e 27% da Venezuela.

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Plantação de arroz em Rio do Oeste, próximo a Itajaí, em Santa Catarina - Eduardo Knapp-29.jan.2018/Folhapress

Esse apetite cubano e venezuelano pelo produto brasileiro é importante porque o cenário interno não é bom para os orizicultores.

Os preços não reagem e os custos de produção sobem. O resultado é uma perda da área de arroz para a soja, safras menores e acúmulo de dívidas pelos agricultores.

Para complicar, o clima também não tem sido favorável. Ora ocorrem chuvas intensas, provocando enchentes, ora ocorre excesso de calor.

O Brasil exportou 1,46 milhão de toneladas de arroz entre o cereal em casca e o beneficiado no ano passado. A Venezuela, por si só, ficou com 41% desse volume. Se considerado apenas o arroz em casca, a Venezuela absorveu 74% do produto vendido pelo Brasil.

Tradicionalmente um grande parceiro comercial do Brasil, a Venezuela foi encolhendo nos anos recentes.

Em 2014, os venezuelanos gastavam US$ 2,9 bilhões com importações de produtos de origem no agronegócio brasileiro. Em 2017, foram apenas US$ 289 milhões. No ano passado, o arroz elevou essa conta para US$ 430 milhões.

Mas como um país quebrado economicamente consegue comprar tanto arroz brasileiro e ainda pagar?

As tradings chinesas compram o cereal do Brasil e, numa triangulação, o repassam para a Venezuela e Cuba. Em troca, recebem petróleo.

Bom para os cubanos e venezuelanos que são abastecidos com produto brasileiro e bom para os produtores nacionais que conseguem desovar boa parte da produção.

Sem essas vendas, os preços internos estariam ainda mais achatados do que estão.

As exportações totais brasileiras de arroz renderam US$ 468 milhões no ano passado. Já as importações, principalmente do Mercosul, somaram US$ 217 milhões.

O Paraguai foi o maior fornecedor para o Brasil. Entraram no território brasileiro 440 mil toneladas do produto do país vizinho, no valor de US$ 137 milhões.

O cenário adverso para os produtores vem refletindo na oferta. A produção brasileira deverá ficar em 10,7 milhões de toneladas neste ano. O consumo, em 12 milhões.

Em queda
O valor da produção do arroz será de R$ 9,7 bilhões em 2019, o menor patamar nos últimos 22 anos, segundo dados corrigidos pela inflação do Ministério da Agricultura.

 

Ritmo acelerado As exportações de soja deverão atingir 4,3 milhões de toneladas neste mês, acima dos 2,8 milhões de fevereiro de 2018, conforme dados provisórios da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Safra antecipada A exportação está acelerada porque o ritmo da colheita é intenso. Neste período de 2018, a colheita somava 20,5 milhões de toneladas. Neste ano, são 40,5 milhões.

Ainda mais Daniele Siqueira, da AgRural, diz acreditar em ritmo ainda maior nas próximas semanas.

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