A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.
Valor da produção cresce para exportador, mas cai para produtor voltado ao mercado interno
Receitas com feijão, mandioca, batata, tomate e outros produtos de consumo interno serão menores neste ano do que em 2020
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Os números do agronegócio são impressionantes neste ano. O VBP (Valor Bruto de Produção) das lavouras, considerando as receitas das 17 principais atividades agrícolas do país, deverá atingir R$ 747 bilhões dentro da porteira, com crescimento de 12% em relação a 2020.
Essa evolução tem um significado ainda maior porque a base de comparação é muito elevada. O VBP de 2020 já havia sido 22% superior ao do de 2019.
Os dados são do Ministério da Agricultura e foram corrigidos pelo IGP-DI. Eles apresentam uma situação bastante confortável para os produtos exportáveis, mas o cenário não é bom para os destinados ao mercado interno.
Da lista dos 17 produtos acompanhados pelo ministério, 11 deles deverão ter queda real no valor de produção deste ano, em relação a 2020.
Banana, batata, mandioca, feijão, mamona e tomate estão nessa lista de queda. Voltados basicamente para o mercado interno, esses produtos sofrem um revés duplo do dólar.
Primeiro, os produtores não têm o benefício das exportações. Quanto mais valorizada a moeda dos Estados Unidos, maior a receita em reais para os exportadores.
Ao contrário, as cadeias voltadas para o mercado interno sofrem a perda do poder de compra dos consumidores, devido à inflação e ao desemprego.
De outro lado, os produtores voltados para o mercado interno recebem todos os custos pesados trazidos pelo dólar, quando vão adquirir os insumos de produção, em sua grande maioria importados.
Pelo menos 84% das receitas totais do Valor Bruto de Produção deste ano ficarão com apenas cinco produtos, todos com grande presença no mercado externo.
A liderança é da soja, cujo valor de produção deverá atingir R$ 360 bilhões neste ano, 48% do total do VBP.
As receitas com as exportações da oleaginosa estão estimadas em US$ 39 bilhões. Considerado todo o complexo soja (grãos, farelo e óleo), esse valor sobe para US$ 47 bilhões.
Outros dois destaques são milho e cana-de-açúcar. No caso do cereal, as receitas somarão R$ 122 bilhões, com aumento de 6,2% no ano.
Já a cana, devido à forte demanda externa por açúcar e à aceleração interna dos preços do etanol, deverá render R$ 83 bilhões dentro da porteira, um valor acima do de 2020, mas ainda inferior aos R$ 112 bilhões de 2017.
Carnes A avaliação mensal do Itaú BBA sobre o mercado de agronegócio aponta que o boi gordo segue em queda, devido ao bloqueio da exportação para a China.
Aves Já o frango tem boa procura externa, e as exportações aumentam. Com isso, há uma sustentação dos preços e margens no setor. A margem na suinocultura, porém, segue apertada.
Grãos Os analistas do Itaú BBA avaliam ainda que a soja perde força em Chicago, com o aumento da produção, enquanto o milho voltou a cair no Brasil, devido à maior disponibilidade do cereal.
Café Preocupações com a oferta global de arábica mantêm os preços elevados. O mesmo ocorre com o algodão, que tem os maiores patamares desde a safra de 2011.
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