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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Após disparada de 60%, preço do trigo cai no mercado externo

Foi uma correção técnica, mas fundamentos de alta persistem, segundo diretor da Coamo

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O trigo, que registrou uma elevação de 60% nos preços após o início da guerra no Leste Europeu, começa a recuar. A invasão da Ucrânia pela Rússia provocou um "overshooting" —quando o preço sai dos fundamentos e sobe acima do esperado pelo mercado—, afirma Rogério Trannin de Mello, diretor comercial da Coamo Agroindustrial Cooperativa.

"Houve um exagero nas altas, e o mercado fez uma correção técnica", diz ele. Na Bolsa de Kansas (EUA), a tonelada saiu de US$ 300, antes da guerra, para até US$ 480. Agora retornou para US$ 410.

Máquina agrícola colhe trigo em plantação na Rússia - Eduard Korniyenko/Reuters

Passada essa fase de especulação e de nervosismo, o mercado vai se posicionar de forma mais consistente, levando em conta oferta e demanda.

Fundamentos para a alta existem. A Ucrânia está em período de plantio, tem dificuldades para encontrar insumos e para levar as máquinas ao campo. Além disso, há bloqueio nas vendas, segundo o diretor.

O governo ucraniano proibiu as exportações de trigo, cevada, centeio e outros produtos até o final do ano. Já os importadores vão consumir reservas, e depois voltam ao mercado, afirma Trannin.

É o que estão fazendo Egito, que tem reservas para cinco meses, e China, detentora de um dos maiores estoques do mundo. Os moinhos brasileiros têm cereal para pelo menos um mês.

Para o diretor da Coamo, o mercado deverá manter preços próximos dos atuais. Se houver novas altas, a demanda pode não responder a esses preços.

Nesta quarta-feira (9), o contrato de maio do trigo recuou para US$ 12,02 por bushel (27,2 kg) na Bolsa de Chicago, após ter atingido US$ 12,94 na segunda-feira. No dia anterior à invasão, estava em US$ 8,44.

O mercado real é bem diferente do da Bolsa, segundo Trannin. As oscilações não são tão abruptas, e os repasses de preços ocorrem de forma mais lenta.

Para ele, havia a necessidade dessa correção técnica para que fosse eliminada a excessiva volatilidade do setor. Agora, o mercado vai analisar onde realmente está a demanda pelo cereal.

O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) fez, nesta quarta-feira, as primeiras estimativas de redução das exportações de trigo da Ucrânia e da Rússia.

Os ucranianos deverão colocar no mercado externo 20 milhões de toneladas, abaixo dos 24 milhões previstos para o ano comercial de 2021/22. Os russos exportarão 32 milhões, abaixo dos 35 milhões esperados.

As vendas externas de milho da Ucrânia caem para 27,5 milhões de toneladas, abaixo dos 33,5 milhões estimados antes da guerra.

É bom lembrar que o Usda sempre é muito cauteloso em suas avaliações de mercado, fazendo ajustes aos poucos.

O ano comercial 21/22 teve início em outubro do ano passado e vai até setembro deste.

Açúcar O cenário de produção na Índia melhora, e o déficit mundial recua para 1,1 milhão de toneladas em 2021/22. No período anterior, foi de 3 milhões, segundo a consultoria StoneX.

No Brasil A produção de açúcar da região centro-sul deverá atingir 34,5 milhões de toneladas na safra 2022/23, segundo a consultoria.

No Brasil 2 A produção de etanol proveniente de cana sobe para 25,5 bilhões, com alta de 5,6%, estima a Stonex. O volume de etanol de milho vai a 4,2 bilhões de litros, com evolução de 18,9%.

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