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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Alimentação tem menor alta em 17 semanas, mas básicos ainda sobem

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Neste início de mês, a inflação dos alimentos registra a menor taxa quadrissemanal de evolução em 17 semanas em São Paulo. A alta foi de 0,19%. Já a inflação geral foi de 0,52%.

A inflação dos alimentos desacelera, mas os efeitos ainda não chegam à população de menor poder aquisitivo. O recuo ocorre em produtos industrializados e carnes, mas mantém alta em itens básicos como arroz, feijão, leite e pão.

Pãezinhos franceses da padaria Saint Germain, em São Paulo - Gabriel Cabral - 2.fev.21/Folhapress

Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que faz um acompanhamento quadrissemanal dos preços nas famílias que ganham de 1 a 10 salários mínimos.

A quadrissemana engloba a média de preços de quatro semanas em relação às quatro imediatamente anteriores. A taxa da primeira quadrissemana de fevereiro é o resultado da comparação dos preços médios de 8 de janeiro a 7 de fevereiro em relação aos de 8 de dezembro a 7 de janeiro.

Nesse período, arroz, feijão, pão e leite foram os itens que mais castigaram o bolso do consumidor de baixa renda.

Plantação de feijão em terra indígena, em Mato Grosso - Fábio Zanini - 16.mai.19/Folhapress

Quanto aos produtos "in natura", apesar da forte alta em 12 meses, muitos ainda continuam com aceleração. São os casos de alface, repolho, batata, chuchu e mamão.

A inflação dos alimentos recua devido às pressões menores dos itens industrializados, das carnes e de seus derivados. Mesmo com a tendência de queda, os preços médios dos alimentos ainda atingem alta em 12 meses de 13,8%, taxa bem acima dos 7,2% da inflação média do período.

As perspectivas internas e externas não são boas para os produtos básicos, que devem continuar com preços elevados. Do lado interno, há expectativas de recuo na produção. Do externo, sempre que o dólar sobe, dá novas perspectivas às exportações, inclusive de itens básicos.

A safra interna de arroz, que já apontava para nova queda neste ano, fica ainda mais incerta com a estiagem no Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal no país. Externamente, houve quebra de produção nos EUA, grande fornecedor para o mercado mundial. O mesmo ocorre na Ásia.

Com isso, as exportações brasileiras somaram 153 mil toneladas no mês passado, 8,1% a mais do que em igual mês de 2022. No ano passado, o país exportou 2,11 milhões de toneladas de arroz, 85% a mais do que em 2021. Os preços do cereal se mantêm aquecidos no campo e nos supermercados, principalmente devido à entressafra.

Produção e consumo de feijão ficam próximos a 3 milhões de toneladas neste ano, sem margem para qualquer efeito climático sobre a cultura.

A safra recorde de trigo no Brasil dá um alívio aos preços do pãozinho, que, ainda em patamar elevado, sobe menos neste mês. Dólar e cenário internacional, porém, são fundamentais para a evolução dos preços desse cereal.

A Rússia intensifica ataques à Ucrânia, o que interfere nas exportações dos ucranianos e pode até dificultar a renovação do acordo de vendas externas assinado pelos dois países. Nova alta nos preços internacionais do trigo daria fôlego às exportações brasileiras, que, em janeiro, atingiram 562 mil toneladas, o segundo maior volume nos meses de janeiro.

O preço do leite, que vinha com tendência de queda, interrompeu a desaceleração, devido a uma captação menor. Os preços de janeiro ainda superam em 14% os do mesmo mês de 2022, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).As carnes recuam, mas ainda estão em patamares elevados. A bovina ficou 1% mais barata nos últimos 30 dias, a suína caiu 0,6%, e a de frango, 5%, segundo a Fipe.

Custos internos e câmbio podem definir preços nos próximos meses. A safra de milho, item essencial na composição da ração, tem perspectivas de um volume recorde, mas já há sinais de uma possível perda do tempo ideal de plantio, o que poderia afetar a produtividade. O plantio de milho ocorre na mesma área de cultivo da soja, que está com a colheita atrasada.

Já uma aceleração do dólar torna as proteínas brasileiras ainda mais competitivas no exterior e abre caminho para exportações maiores. Janeiro atingiu patamar recorde nas vendas externas dessas proteínas neste período do ano.

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