A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.
Alimentação tem menor alta em 17 semanas, mas básicos ainda sobem
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Neste início de mês, a inflação dos alimentos registra a menor taxa quadrissemanal de evolução em 17 semanas em São Paulo. A alta foi de 0,19%. Já a inflação geral foi de 0,52%.
A inflação dos alimentos desacelera, mas os efeitos ainda não chegam à população de menor poder aquisitivo. O recuo ocorre em produtos industrializados e carnes, mas mantém alta em itens básicos como arroz, feijão, leite e pão.
Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que faz um acompanhamento quadrissemanal dos preços nas famílias que ganham de 1 a 10 salários mínimos.
A quadrissemana engloba a média de preços de quatro semanas em relação às quatro imediatamente anteriores. A taxa da primeira quadrissemana de fevereiro é o resultado da comparação dos preços médios de 8 de janeiro a 7 de fevereiro em relação aos de 8 de dezembro a 7 de janeiro.
Nesse período, arroz, feijão, pão e leite foram os itens que mais castigaram o bolso do consumidor de baixa renda.
Quanto aos produtos "in natura", apesar da forte alta em 12 meses, muitos ainda continuam com aceleração. São os casos de alface, repolho, batata, chuchu e mamão.
A inflação dos alimentos recua devido às pressões menores dos itens industrializados, das carnes e de seus derivados. Mesmo com a tendência de queda, os preços médios dos alimentos ainda atingem alta em 12 meses de 13,8%, taxa bem acima dos 7,2% da inflação média do período.
As perspectivas internas e externas não são boas para os produtos básicos, que devem continuar com preços elevados. Do lado interno, há expectativas de recuo na produção. Do externo, sempre que o dólar sobe, dá novas perspectivas às exportações, inclusive de itens básicos.
A safra interna de arroz, que já apontava para nova queda neste ano, fica ainda mais incerta com a estiagem no Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal no país. Externamente, houve quebra de produção nos EUA, grande fornecedor para o mercado mundial. O mesmo ocorre na Ásia.
Com isso, as exportações brasileiras somaram 153 mil toneladas no mês passado, 8,1% a mais do que em igual mês de 2022. No ano passado, o país exportou 2,11 milhões de toneladas de arroz, 85% a mais do que em 2021. Os preços do cereal se mantêm aquecidos no campo e nos supermercados, principalmente devido à entressafra.
Produção e consumo de feijão ficam próximos a 3 milhões de toneladas neste ano, sem margem para qualquer efeito climático sobre a cultura.
A safra recorde de trigo no Brasil dá um alívio aos preços do pãozinho, que, ainda em patamar elevado, sobe menos neste mês. Dólar e cenário internacional, porém, são fundamentais para a evolução dos preços desse cereal.
A Rússia intensifica ataques à Ucrânia, o que interfere nas exportações dos ucranianos e pode até dificultar a renovação do acordo de vendas externas assinado pelos dois países. Nova alta nos preços internacionais do trigo daria fôlego às exportações brasileiras, que, em janeiro, atingiram 562 mil toneladas, o segundo maior volume nos meses de janeiro.
O preço do leite, que vinha com tendência de queda, interrompeu a desaceleração, devido a uma captação menor. Os preços de janeiro ainda superam em 14% os do mesmo mês de 2022, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).As carnes recuam, mas ainda estão em patamares elevados. A bovina ficou 1% mais barata nos últimos 30 dias, a suína caiu 0,6%, e a de frango, 5%, segundo a Fipe.
Custos internos e câmbio podem definir preços nos próximos meses. A safra de milho, item essencial na composição da ração, tem perspectivas de um volume recorde, mas já há sinais de uma possível perda do tempo ideal de plantio, o que poderia afetar a produtividade. O plantio de milho ocorre na mesma área de cultivo da soja, que está com a colheita atrasada.
Já uma aceleração do dólar torna as proteínas brasileiras ainda mais competitivas no exterior e abre caminho para exportações maiores. Janeiro atingiu patamar recorde nas vendas externas dessas proteínas neste período do ano.
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