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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Descrição de chapéu China

É hora de o agronegócio pensar mais na Índia nos próximos anos

China continua importante, mas importações indianas crescem mais na década

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É hora de o Brasil olhar mais para a Índia. A China, principal importadora de alimentos do mundo continuará com grande influência no mercado internacional nos próximos dez anos, mas são a Índia e os países do Sudeste Asiático que vão acelerar a participação no comércio internacional.

A China, que contribuiu com 28% do crescimento do consumo mundial de alimentos na década anterior, deverá ter uma participação reduzida para 11% nos próximos dez anos. Estabilização de padrão nutricional, crescimento mais lento da economia e declínio da população serão responsáveis por essa aceleração menor na participação do mercado internacional de alimentos.

Venda de especiarias em mercado de Nova Déli - AFP

Já a Índia e os países do Sudeste Asiático serão responsáveis por 31% do crescimento do consumo global até 2033, devido ao crescente aumento da população urbana e da riqueza na região.

Os dados são do Outlook da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), relativo ao período 2024-2033 e divulgado neste mês.

O consumo global de alimentos deverá aumentar 1,2% ao ano na próxima década, localizado principalmente em países de baixa e média renda. Em muitas regiões, esse crescimento se dará pelo consumo maior de alimentos de origem animal. A ingestão de calorias deverá aumentar 7% nos países de rendimento médio e 4% nos de renda baixa.

A China, embora em ritmo menor, mantém boa participação no mercado mundial. A busca da autossuficiência na produção de proteínas animal força o país a manter as importações de grãos. Os chineses deverão atingir 60 milhões de toneladas de carne suína. 25 milhões de carne de aves e 8 milhões de carne bovina nos próximos dez anos .

As compras externas de milho pelos chineses vão crescer 1,4% ao ano, e as de soja, 0,8%. Eles ficarão com 61% da soja comercializada no mundo e com 13% do milho.

As importações de carnes diminuem 17%. O país se recompõe do desastre ocasionado pela peste suína africana, que reduziu fortemente o rebanho de porcos e forçou uma alta na produção de aves. A dependência externa da carne bovina continua, com importações aumentando 1,3% ao ano, segundo previsões da OCDE e da FAO.

O Sul e Sudeste Asiático elevam as importações de alimentos, que sobem 26% em 2033, em relação à média de 2021 a 2023. O mesmo ocorre com a África subsaariana, que eleva em 23% as compras externas de alimentos neste período. Arroz, trigo e óleos vegetais são os principais itens adquiridos pelos países da região.

A agricultura e a pecuária crescerão com base no aumento de produtividade e não de áreas de produção. Com isso, os dados da OCDE e da FAO preveem uma melhora na emissão global de gás de efeito de estufa pelo setor. As emissões, porém, ainda vão aumentar 5% no período.

Os produtores, após o pico de preço nos anos recentes, vão ter de conviver com valores reais menores. Essa queda, contudo, poderá não chegar totalmente ao consumidor, na avaliação das duas instituições.

Embora a maior produtividade possa garantir uma oferta melhor de alimentos, o setor vai conviver com uma gama de riscos e de desafios. Eles virão de questões políticas, como a invasão da Ucrânia, da oferta de fertilizantes e de combustíveis. As questões logísticas, principalmente com as dificuldades de passagem pelos canais de Suez e do Panamá, podem acentuar as dificuldades de transporte no setor.

Além disso, barreiras comerciais mais frequentes distorcem o comércio internacional. Outros fenômenos estritamente relacionados à produção no campo também são ameaças para os próximos anos. O relatório destaca os efeitos extremos do clima e a propagação de pragas e de doenças na agricultura e na pecuária.

A demanda por carnes cresce, mas em ritmo menor, em vista da redução populacional e do acesso a outras proteínas. O aumento na década está estimado em 12%, e o Brasil fica com pelo menos 20% desse mercado externo.

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