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Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP.

Atacar gays não melhora popularidade

Três em cada quatro eleitores concordam que homossexualidade deve ser aceita por toda a sociedade

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O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o presidente Jair Bolsonaro aumentaram a dose de atenção à sua base eleitoral evangélica, como ficou claro neste Sete de Setembro.

Enquanto lideranças religiosas acompanhavam, a convite do Planalto, o desfile da Independência na capital federal, um pelotão de fiscais municipais invadia, sob ordem do chefe pastor, a Bienal do Livro carioca à caça de publicações com temática homossexual.

Jair Bolsonaro, ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, do vice Hamilton Mourão, do apresentador do SBT Silvio Santos e do bispo Edir Macedo, no desfile de 7 de Setembro - Pedro Ladeira/Folhapress

​Presidente e prefeito veem-se acossados pela impopularidade, bem mais aguda no caso de Crivella, e reagem para evitar o contágio em segmentos mais fiéis. A diretriz faz sentido, sem deixar de ser também arriscada.

Embora a eleição esteja distante para Bolsonaro, a antipatia popular crescente atrapalha o governo. Estimula o debate de alternativas e encarece as interações do presidente com outras organizações de Estado. No caso de Crivella, que em junho escapou do impeachment, o pleito bate à porta.

Mas enfocar a minoria é sempre um dilema para políticos que dependem de apoio majoritário para continuar no jogo. Nesse tabuleiro, a mensagem contra a diversidade sexual não parece o movimento mais eficaz.

Subsecretário de operações da Secretaria Municipal de Ordem Pública, o coronel Wolney Dias, em ação de fiscalização na Bienal do Rio - Bruno Molinero/Folhapress

Embora a adoção de crianças por casais gays e a união civil, já legalizadas, ainda provoquem divisão de opiniões, acabou a intolerância com a homossexualidade numa extensa maioria dos brasileiros.

De cada quatro indivíduos consultados pelo Datafolha na véspera do segundo turno de 2018, três concordaram que a homossexualidade deve ser aceita por toda a sociedade. Mesmo entre os evangélicos (57%) e os eleitores de Bolsonaro (67%), a aceitação supera largamente a rejeição.

Os gays estão vencendo, não só no Brasil, a guerra pelo reconhecimento do grande público, o que respalda vitórias de suas causas sobretudo nas cortes.

A avalanche de reações ao ato homofóbico de Crivella, que culminou num veto do Supremo Tribunal Federal, explicitou os custos da aventura.

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